A desaceleração não termina no setor imobiliário dos Estados Unidos. Foi anunciada, nesta quinta-feira (24/04), uma queda em março das vendas de imóveis novos ao nível mais baixo em 17 anos, o que levanta temores de um prolongamento da crise.
As vendas de moradias novas caíram 8,5% em março e, comparação a fevereiro, situando-se em 526.000 unidades (ritmo anual), seu nível mais baixo desde outubro de 1991, informou o departamento de Comércio americano. É também uma grande decepção para os analistas, que previam no mínimo 580.000 imóveis vendidos.
A queda de março afetou todas as regiões, sobretudo o nordeste dos Estados Unidos, onde até agora o problema se mostrava menor.
Isso significa que os números desfavoráveis são, sem dúvida, ainda muito otimistas: o índice leva em conta, como transações, a assinatura de promessas de compra e venda, e não as vendas efetivamente realizadas.
"As cifras de hoje são definitivamente ruins", afirma Sondi, economista do banco RBC.
"Parece que as condições do mercado imobiliário estão se deteriorando ainda mais, quando já alcançaram níveis baixos", concluiu.
O setor imobiliário, origem da atual crise econômica e financeira, tem sido acompanhado com particular interesse pelos analistas.
Na terça-feira, o relatório sobre imóveis já havia revelado uma queda de 2% nas vendas de imóveis disponíveis, além de uma queda na quantidade de novas obras.
O setor imobiliário americano padece atualmente de muitos males: primeiro, é cada dia mais difícil para as famílias obter um crédito a taxas satisfatórias; segundo, a economia perde empregos há três meses; em terceiro lugar, a queda dos preços estimula os potenciais compradores a esperar um pouco mais, com a esperança de comprar seu imóvel por preços ainda mais baixos.
Em março, a queda dos preços médios registrados em um ano foi espetacular: -13% nos imóveis novos, a baixa mais forte registrada em 38 anos, e -7,7% nas moradias usadas.
Apesar da queda, o estoque de unidades permanece bastante alto, motivo que leva analistas a prever a necessidade de uma contínua queda dos preços para que as vendas voltem a subir.
"O excedente de imóveis no mercado vai manter os preços com tendência de baixa, o que aumenta os riscos negativos para a economia e para os mercados financeiros", explicou Sal Guatieri, do banco BMO.