Jornal Correio Braziliense

Economia

Petróleo fecha em cotação recorde e já ronda os US$ 120

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O preço do barril de petróleo fechou pela primeira vez acima dos US$ 119 hoje em Nova York nesta terça-feira, depois de roçar o teto simbólico dos US$ 120, favorecido pela contínua queda do dólar ante o euro. A disparada ocorreu devido a tensões na Nigéria, dúvidas dos países da Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) em aumentar a oferta atual e desvalorização do dólar. Na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês), o barril do petróleo cru para entrega em maio encerrou a sessão em alta de US$ 1,89, a US$ 119,37, um recorde de fechamento, depois de alcançar na sessão o nível histórico de US$ 119,90. O preço do petróleo ganhou mais de US$ 57 em um ano em Nova York, com um aumento de 86%. Em Londres, o barril do Brent do mar do Norte para entrega em junho, mais pesado e sulfuroso, também estabeleceu um recorde absoluto, subindo a US$ 116,75. A escalada do petróleo se deve principalmente à inquietação por uma possível redução de fornecimento, motivada pela sabotagem das instalações da companhia petrolífera Royal Dutch Shell na Nigéria e também por uma greve no Reino Unido que afetará a distribuição de petróleo do Mar do Norte. A Shell anunciou a suspensão de uma produção diária de 169 mil barris pelos ataques da semana passada contra sua infra-estrutura no delta do Níger. Na Escócia, além disso, foi programada uma greve dos trabalhadores da refinaria Grangemouth, que recebe cargas de petróleo. Embora a redução de barris de petróleo por estas causas não seja muito significativa, o mercado é particularmente sensível neste momento, segundo observações dos analistas. Outro fator que encarece a commodity é a decisão da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de não aumentar sua produção, como desejam os países consumidores, o que frearia o aumento do preço. Também influi nesse mercado o enfraquecimento do dólar frente ao euro e a outras divisas, que incentiva as compras de contratos de petróleo e outras matérias-primas negociadas em dólares, já que ficam mais baratas para o investidor que as adquire com moedas fortes. Os operadores aguardam a divulgação, na quarta-feira, dos dados mais recentes de reservas de petróleo e combustíveis nos EUA, depois das surpreendentes quedas, registradas nas últimas semanas tanto em reservas de petróleo como de gasolina. O temor de que os altos preços do petróleo gerem uma recessão econômica mundial foi ratificado nesta terça-feira pelo diretor da AEI (Agência Internacional de Energia), Nobuo Tanaka, em um fórum sobre questões energéticas em Roma, no qual participam países produtores e consumidores de petróleo. O diretor da AIE considera "alto demais para todo o mundo" o preço do barril de petróleo diante dos "riscos que corre a economia mundial" e a escalada de preços dos alimentos neste momento. Apesar desses temores, Tanaka acredita que o mercado petroleiro deveria "se equilibrar" a curto prazo devido à reconstituição das reservas de cru. A AIE espera que a demanda por petróleo caia, tanto por fatores passageiros quanto por causa da marcha lenta da economia.