Jornal Correio Braziliense

Economia

Alta no petróleo pode provocar recessão mundial, diz AIE

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A AIE (Agência Internacional de Energia), que representa os interesses energéticos dos países consumidores, admitiu nesta terça-feira o risco de que os altos preços do petróleo provoquem uma recessão econômica mundial. "É possível", declarou o diretor da AIE, Nobuo Tanaka, ao ser entrevistado em um fórum sobre questões energéticas em Roma, no qual participam países produtores e consumidores de petróleo. Já o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Nouaimi, pediu calma para evitar pânico ante a alta histórica do preço do barril, "porque todo mundo conta com petróleo suficiente". "Não é o momento de entrar em pânico nem buscar soluções exóticas, cuja eficácia se desconhece", disse o ministro no mesmo evento. "Tenho notado um nível sem precedentes de incertezas, de dúvidas e, inclusive, de medo pelo futuro da energia e seu impacto sobre as perspectivas econômicas mundiais. O mundo não está à beira de uma escassez de petróleo." O preço do petróleo superou nesta terça-feira os US$ 118 na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês), diante do aumento dos temores de fornecimento da matéria-prima. Às 10h55 (horário de Brasília), o barril para entrega em maio era cotado a US$ 117,28, em queda de 0,17% sobre o fechamento anterior. Para Ali al-Nouaimi, o que está em questão não é um problema de recursos energéticos, mas de investimentos. "Uma greve na Escócia e ataques na Nigéria contra instalações petroleiras pressionam os investidores a colocar seu dinheiro em petróleo", diz Phil Flynn, analista da Alaron Tradaing. Segundo ele, esses dois fatores constituem "uma ameaça complementar para uma já precária oferta do petróleo cru frente a uma forte demanda". Dois oleodutos do grupo Shell foram alvo de sabotagem na segunda-feira na região do delta do Níger, ao sul da Nigéria (primeiro produtor africano). A estimativa da empresa é de perda de 169 mil barris diários. A Shell se declarou em situação de "força maior" em suas instalações em Bonny (sul do país) nos meses de maio e junho. Isso significa que a empresa pode suspender obrigações contratuais de entrega de petróleo e gás oriundos dessas instalações sem que seja penalizada por isso. Os investidores também estão preocupados pelos riscos sobre a oferta de uma greve na refinaria escocesa Grangemouth e do conflito em terminais de petróleo franceses.