Hora de brincar

As crianças estão entre os alvos mais vulneráveis do coronavírus, e nos próximos dias não devem ir à escola ou a passeios. Espante o tédio dos seus filhos com jogos lúdicos e divertidos

Correio Braziliense

postado em 20/03/2020 04:07

A pandemia do coronavírus ganha maiores proporções a cada dia, e as crianças, que fazem parte de um dos grupos mais vulneráveis, estão expostas a um grande risco: com a suspensão das aulas, cancelamento de brinquedos e atividades culturais, o tédio é o grande problema.

 

Para combater a falta do que fazer, o Divirta-se Mais conversou com o arte-educador Isaac Mendes para preparar uma lista de jogos e brincadeiras fáceis e acessíveis para crianças e adultos interagirem durante a reclusão.

Pedagogo formado pela UnB, Isaac Mendes é arte-educador e brinquedista da Brinquedoteca Comunitária de São Sebastião, projeto da Associação Ludocriarte que, desde 2005, oferece atividades lúdicas e educativas para as crianças da cidade, de forma gratuita.

Isaac pesquisa e oferece ao público infantil jogos, brincadeiras e contação de histórias. “As crianças têm uma energia muito grande para gastar durante todo o dia. Por meio das brincadeiras e jogos, elas podem canalizar essa energia, para que não caiam no ócio, na tristeza”, comenta o brinquedista.

Com a ajuda de Isaac, selecionamos alguns passatempos divertidos e acessíveis, comentados por ele. “Existe um vasto repertório de brincadeiras e atividades que podem ser feitas em casa, com as crianças, que daria para o ano inteiro. Algumas são feitas por meio de jogos que podem ser comprados, outros podem ser confeccionados, e o próprio ato de fabricar, de construir o jogo, pode ser, em si, uma atividade brincante, lúdica, divertida, prazerosa para a criança”, descreve. Há brincadeiras de palmas, de roda, de tabuleiro e muitos outros, oriundas de diversas culturas. Confira!

Serviço

Damas

Utiliza um tabuleiro idêntico ao do xadrez, mas tem um único tipo de peça, que evolui para uma peça mais forte chamada “dama”. Vence quem eliminar todas as do adversário.

 

Jogo da onça 

Jogo originário dos povos indígenas do Brasil, mas que remete também à família, a jogos como tigres e cabras, populares na Índia. O jogo consiste em “um tabuleiro que você pode riscar no chão, colocar as pedrinhas e brincar, ou pegar uma cartolina e fazer as pecinhas”, para brincar com um visual mais elaborado.

 

Mancala

Jogo de tabuleiro milenar de origem africana, considerado por alguns o jogo mais antigo do mundo. Há uma série de variações do jogo, mas, de maneira geral, consiste em um tabuleiro com diversas cavidades, e sementes de cores diferentes para cada oponente. O objetivo é distribuir essas sementes pelas cavidades e capturar as sementes do adversário.

Jogo da memória 

Dois grupos de imagens idênticas, com a face virada para baixo e embaralhado. Cada jogador, em sua vez, pode virar duas peças, e, se elas forem iguais, o jogador ganha um ponto. Vence quem fizer mais pares.

Yoté

Jogo de origem africana, cujas peças e tabuleiro também podem ser improvisados. Possui 30 casas, 12 peças lisas e 12 furadas. Vence quem capturar ou bloquear todas as peças do adversário. O jogo exige bastante do pensamento matemático dos participantes.

Senet

De origem egípcia, o nome do jogo significa “passagem”, e simboliza a viagem para o mundo dos mortos. O tabuleiro possui 30 casas, dispostas em três linhas com 10 casas cada, algumas delas marcadas e consideradas “nefastas”. Cada jogador possui cinco peças de diferentes formatos, e os adversários apostam uma espécie de corrida de uma ponta a outra do tabuleiro. O objetivo é chegar com todas as peças em primeiro lugar.

Os tradicionais comentados por Isaac Mendes  

Amarelinha

Uma fileira de casinhas riscadas no chão, com material à escolha, que vão do número um até o céu. Se só tiver um quadrado, você pisa com uma perna só, e se houver duas casas você pisa com as duas. Quem chegar ao “céu” vence, ou seja: quem tiver mais equilíbrio. “Quem nunca pulou amarelinha que atire a primeira pedra. Um jogo que estimula a criança a se desafiar, conhecer seu corpo, seus limites, buscar equilíbrio”.

Fazer bolhas de sabão

Essa é fácil: basta misturar sabão e água em um recipiente, pegar uma argola presa à ponta de uma haste e soprar dentro do aro, formando bolhinhas. Na internet, há receitas mais elaboradas, que dá mais consistência às bolhas. “Essa brincadeira é a melhor para tempos de coronavírus. A pessoa já brinca se higienizando”, brinca o pedagogo.

Pular elástico

Um elástico com as duas pontas unidas, preso às canelas de dois participantes, cada qual em um extremo, enquanto os demais pulam dentro e fora da fita elástica, sem tocá-la, em movimentos coordenados. “Cada estado tem as suas próprias variações da brincadeira do elástico, geralmente acompanhada de uma música, de um ritmo. Pular elástico é explorar o corpo a partir do movimento, é dança, é coreografia, é desafio.”

Pular corda 

Duas pessoas, uma em cada extremidade, balançam a corda com movimentos circulares, enquanto uma ou mais pessoas, no meio, tem que pular, no ritmo. “Quer brincadeira mais simples e divertida?”

 

As cinco marias 

As cinco peças do jogo podem ser feitas de saquinhos de areia ou, simplesmente, pedrinhas. O participante joga uma delas para o alto e, com a mesma mão, tenta pegar uma das peças do chão, e aparar a queda da outra. A cada etapa, aumenta o número de pedrinhas que têm que ser apanhadas do chão.

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira