Realidade cruel
A Penitenciária Filinto Prates, que serviu de cenário para a primeira e a segunda temporadas da série Carcereiros, abre as portas, mais uma vez, para o público e revela, em meio a uma narrativa policial de ação, contextos comuns dos brasileiros. Depois do sucesso da produção televisiva, chega aos cinemas Carcereiros ; O filme.
Apesar de se inspirar no livro homônimo de Drauzio Varella e na série de sucesso da Globo ; vencedora do Grande Júri no MIPTV 2017, em Cannes ;, o longa retoma a narrativa do agente penitenciário Adriano, interpretado por Rodrigo Lombardi, mas apresenta uma história independente.
A rotina do presídio é estremecida com a chegada de Abdel, personagem de Kaysar Dadour, um perigoso terrorista internacional. Além de controlar os passos do novo preso, Adriano terá que enfrentar uma nova rebelião e os interesses das facções. Ao contrário do que foi apresentado na TV, nas telonas, as cenas de ação ganham destaque com o uso da trilha sonora e a combinação de cenas rápidas com tomadas lentas.
Ao explorar o gênero ação, o diretor José Eduardo Belmonte, que também conduziu a trama televisiva, não deixa de lado o realismo social. Além da sociedade paralela dos presídios, com seu funcionamento particular, há na ficção uma crítica social para despertar no público um pensamento questionador e reflexivo. O poder das armas versus a força da palavra; o significado de justiça para cada um dos envolvidos no sistema; a corrupção dos sistemas; e os crimes de colarinho branco.
Como fio condutor da narrativa, Adriano é quem centraliza e movimenta os questionamentos. Dentro do presídio existem diferenças entre os presos de acordo com os delitos cometidos? Ali, qual o senso de justiça que prevalece? Quem comanda o funcionamento dentro dos muros da penitenciária? Qual o poder da palavra?