Quem consegue imaginar a cena de Michael Jackson dançando em uma mesquita, ao ofertar a quebra de seculares preceitos religiosos? Imenso sucesso quando da abertura nas bilheterias, o longa Sheikh Jackson dá a ideia do conteúdo que formata a 2ª Mostra de Cinema Egípcio Contemporâneo, estendida até 23 de agosto, por via digital. Nas palavras do curador Amro Saad, a peripécia de Michael Jackson é “impossível de acontecer, a não ser no cinema”. O pesquisador da sétima arte referenda o painel de filmes (exibido on-line e de graça) como revelador da grande parcela de conflitos entre tradição e aspectos contemporâneos que tocam cidadãos egípcios. Entender os outros e culturas diferenciadas fica mais fácil por meio da difusão no cinema. No caso dos filmes egípcios será possível acompanhar a mostra pelo site .
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A mostra leva a chancela do incentivo feito pelo Centro Cultural Banco do Brasil e abriga metas ambiciosas de uma aproximação cultural. “Pretendemos abrir o debate sobre circunstâncias geográficas e sobre a criação dos filmes no país”, explica Saad. Na programação desta sexta-feira (31/7), serão mostrados Pó de diamante (às 19h), com mais de duas horas e meia de duração, e Fotocópia (às 22h). No primeiro, dirigido por MarMarwan Hamed, o protagonista Taha se embrenha, involuntariamente, em jogadas de crime e corrupção, deixando para trás a tranquilidade ao lado do pai deficiente. Já Fotocópia, de Tamer Ashry, mostra o aposentado Mahmoud perturbado com o avanço da tecnologia que ameaça o decadente império dele, condicionado a datilografia e fotocópias. Sábado (1º/8), às 17h, transcorre a palestra Música no Cinema Egípcio, com Hazem Shaheem. Na próxima semana (na sexta) é a vez da inclusão do workshop Documentários, dentro da programação de filmes.
A 2ª Mostra de Cinema Egípcio Contemporâneo tem por eixo uma nova geração de cineastas, 99% composta por jovens com propostas de quebrar paradigmas, como observa o curador. “As transformações sociais e culturais nem sempre são alcançadas pela briga com os mais velhos, mas sim pela aproximação e pelos diálogos com gerações mais antigas”. No leque de filmes, quatro mulheres diretoras marcam presença, à frente dos longas Vila 69 (de Ayten Amin), Saída para o sol (de Hala Lotfy), Caos e desordem (assinado por Nadine Khan) e Joana d´Arc egípcia (fita de Iman Kamel, criada em 2106). O interesse dos espectadores infantis pode estar em filmes de propostas familiares como Dia do julgamento final (2018), atração de sábado (1º), às 19h.