“O documentário é o grito das pessoas pretas na pandemia com várias narrativas.” Assim a coordenadora geral do Projeto ConexãoAfro, Mel Colonna, define o documentário E us pretes?, disponível no YouTube, produzido durante o período de isolamento social.
O filme traz relatos de oito jovens pretos, de 16 a 20 anos. Divididos nas temáticas saúde mental e educação, os participantes compartilham opiniões e impressões sobre a pandemia, as políticas de contenção e medidas sanitárias que estão sendo adotadas pelo Governo do Distrito Federal (GDF) e do país, impactos na sociedade, na comunidade em que vivem e na população preta em geral.
Saiba Mais
Mel ressalta que é fundamental ouvir o que as pessoas estão passando para fazer a diferença na sociedade. “É importante que a gente ouça pessoas pretas, trans, LGBTQIA%2b, mulheres, porque temos pessoas sofrendo de diversas formas. Quando fazemos isso, conseguimos mudar a base e mexermos em tudo. Não adianta mover o topo, porque ele não vai mexer no todo. A ideia do E us pretes? é mostrar o problema da base, fazer esse recorte social entre pessoas pretas, para tentarmos criar uma visão de empatia”, complementa.
Obstáculos
Feita de forma remota, a produção do documentário trouxe novos desafios para os diretores. “Como tudo foi feito na quarentena, fizemos um roteiro de perguntas para as pessoas e elas também podiam fazer uma manifestação artística. Tínhamos três semanas para entregar o filme e participar de um edital. Quando fazemos um documentário ao vivo e está ficando ruim, a gente para, respira e faz de novo, mas com cada um em casa não tinha como fazer isso”, conta Mel. “Então, nos reunimos on-line, demos feedback para todo mundo, montamos um material de estudo, os participantes fizeram resumos e debatemos sobre os assuntos. Depois, gravamos tudo de novo e foi um momento muito gostoso, foi a nossa chance de compartilharmos nossas vivências.”
O ConexãoAfro é um projeto que visa unir os pretos do Distrito Federal, por meio da cultura, da arte, eventos e principalmente a partir de vivências com outras pessoas pretas. O projeto foi criado a partir da inquietação de Mel, mas hoje impacta vidas de vários jovens do DF.
*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira