Fotografia
O redemoinho de palavras apagadas
Acesa a fotografia em branco e preto
Era a única linguagem decifrável
Naquele momento de coisas vãs
O ponto negro no espaço
Fazendo-se o apocalipse das horas
Os rostos ensimesmados pelo silêncio
Um flagrante sol a iluminar seu rosto
No espelho das fotografias lisas
Como a espera dos sons melodiosos
Na cama, um botão de rosa
A naufragar sonhos da tarde óssea
O claro e o obscuro desta fotografia
Eram a doçura mais vasta do universo
Feito de carnadura dura e leve
Como o amanhã mais breve.
Alexandre Vieira de Almeida