Diversão e Arte

Em isolamento social, como tem reagido o público amante da música?

Algumas dessas pessoas falaram ao Correio como tem sido a rotina na pandemia

Correio Braziliense
postado em 12/07/2020 06:00
Brasília é uma cidade em que eventos artísticos, principalmente os da área musical, são prestigiados por expressivas e participantes plateias. Há mais de três meses, shows, concertos e espetáculos do gênero deixaram de ser realizados por causa da disseminação do novo coronavírus, que privou os espectadores de uma das principais alternativas de entretenimento e de fruição da cultura na capital.

Em isolamento social e com a remota expectativa do retorno dessa atividade, os amantes da música mesmo diante da impossibilidade usufruí-la presencialmente, continuam a tê-la como acalanto, ao assistir a lives, a programas de televisão e ao acessar o conteúdo sobre o assunto disponível nas plataformas digitais. Ouvidas pelo Correio algumas dessas pessoas falaram também da rotina que mantêm durante a interminável quarentena.

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Ayres Britto (Jurista) — Frequentador assíduo do Clube do Choro, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto guarda na memória shows de João Donato, Armandinho Macedo, Hamilton de Holanda e outros grandes músicos brasileiros que assistiu naquele espaço cultural localizado no Eixo Monumental, onde possui mesa cativa, em que teve como convidados os também ex-ministros do STF Joaquim Barbosa e César Peluzzo. Presença constante também no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, ele se recorda de apresentações de Caetano Veloso, João Bosco, Djavan e Ivan Lins. Enquanto espera a retomada das atividades artísticas, mesmo sem saber quando, o jurista ouve música, lê livros e escreve poemas. Poeticamente observa: “Estou batendo pernas dentro de mim mesmo, conversando com os próprios botões e dando voltas nos quarteirões de minha alma”.
 
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Orly Burgos (Diplomata) — “Mantenho o saudável hábito de assistir aos concertos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, no Cine Brasília. Isso é algo que me faz muita falta agora, em tempo de pandemia. O último que presenciei foi no começo de março, em que o programa tinha como destaque obra de Igor Stravinsky”, frisa a primeira secretária da Embaixada da República Dominicana. Ela diz que, recentemente, viu uma live da orquestra, que tem Cláudio Cohen como maestro. A diplomata atua na produção da Mostra Latina-Americana e Caribenha de Cinema, que foi realizada em outros anos também no Cine Brasília. A edição de 2020 voltou a ocorrer de 1º a 3 deste mês no formato on-line, com exibição dos filmes pelo canal Grulac Brasil.

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Bruno Nere (Tatuador) — O rock dos anos 1990 e as batidas eletrônicas têm a preferência de Bruno Nere, que costuma ouvir estes estilos musicais em festas temáticas LGBTS, como a Toranja e outras que ocorrem na Birosca, no Conic. “Me identifico mais com eventos voltados para o público alternativo, que é formado por pessoas respeitosas e conscientes com as quais tenho maior interação. São essas festas que, no período da necessária quarentena, fazem falta para alguém como eu, que tem o hábito de sair à noite, para me socializar”, ressalta. “Além de me dedicar ainda mais ao estudo da arte de tatuar, tenho feito pouca coisa. Dia desses, fui a uma cachoeira com um amigo, e só”, complementa.

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Natália Dantas (Psicóloga) — Logo que o Samba Urgente surgiu, em 2018, Natália Dantas começou a prestigiar o coletivo de instrumentistas que comanda esta concorrida roda de samba. “O fato de o Samba Urgente ocupar o espaço urbano da cidade ganhou a minha simpatia desde o começo. Além disso, vejo-o como algo democrático e inclusivo, que prega o respeito à igualdade e ao amor”, salienta a psicóloga, que fez muitas amizades no evento. Ela elegeu a edição ocorrida na área da piscina de ondas, no Parque da Cidade, como a melhor de todas, principalmente pela participação inesperada da cantora paulistana Paula Lima. “As lives ocupam parte do tempo durante o isolamento social, mas nada se compara a troca de energia, que o Samba Urgente proporciona”, sublinha.

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Yan Cláudio (Vestibulando) — De gosto eclético, o estudante Yan Cláudio tem preferência por festivais que reúnem artistas de diferentes estilos musicais. Como este ano a programação musical foi interrompida logo depois do carnaval, ele diz que não assistiu a nenhum show que considerou importante. “Em 2019, assisti a apresentações de Ney Matogrosso, no CoMa (na área do Complexo Cultural da Funarte); e de Iza, no Pavilhão Luz (Estádio Nacional Mané Garrincha), que foram especiais. Trabalhei, como freelancer, no Festival Melanina e pude curtir a black music que faz a trilha sonora deste projeto”, lembra. “Estou sentindo muita falta de shows ao vivo e de encontrar os amigos”, reforça.

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Jaque Menezes (Designer) — Um dos eventos artísticos mais concorridos na cidade, o Buraco do Jazz, que até março vinha ocorrendo no estacionamento 4 do Parque da Cidade, tem em Jaque Menezes uma grande apreciadora. “Vou ao Buraco desde o começo, em área próxima de um posto de gasolina, no Eixão, na Asa Sul. Depois mudou para o complexo cultural da Funarte e continuei indo; assim como no Parque da Cidade, onde e instalou no ano passado. Lá ouço boas música com instrumentistas e grupos como o Sabor de Cuba, Além disso curto muito o ambiente e fiz muitos amigos nesse evento”, enfatiza a designer. “Já assisti várias lives, entre as quais de Gilberto Gil, mas não é a mesma coisa de música ao vivo”, observa.

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Andréa Tameirão (Professora) — Shows no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães estão os que têm a preferência da professora Andréa Tameirão, principalmente os de cantores e bandas do segmento pop rock. “Já perdi a conta dos shows que fui com o meu marido Giuliano, no Ulysses Guimarães. Do Nando Reis, por exemplo, assisti alguns e sempre curtimos muito; assim como os do Skank e do Jota Quest. Durante a pandemia, alguns grupos tem tocado nas quadras, debaixo dos blocos. Achei bem legal a apresentação do DF Música, aqui no Sudoeste”, disse ela, que já viu no YouTube shows do Iron Maiden, Red Hot Chilli Peppers e de outras bandas gringas.

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Hilton Carvalho (Empresário) — Fã de astros da música sertaneja como Gusttavo Lima e Jorge & Mateus; e dos cantores e axé music Bell Marques e Durval Lelys, o empresário do ramo de transportes Hilton Carvalho acha está passando da hora de voltar a assistir a shows dos artistas que admira. “Mantenho total fidelidade ao projeto Na Praia, que prestigío desde a primeira edição e que sempre tem grandes nomes da música brasileira na programação. Não sei se neste ano vai acontecer, mas torço para que ocorra”, reforça. “Nesse período de quarentena, tenho saído pouco, mas já levei a família ao Festival Drive-In, no estacionamento do Aeroporto JK, para assistir ao filme Sing — Quem canta seus males espanta”, salienta.

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Caio Tibúrcio (Servidor público aposentado) — Há três décadas, Caio Tibúrcio marca presença no Feitiço Mineiro, o mais importante palco da música no circuito das casas noturnas brasilienses. O servidor público aposentado destaca a celebração dos 20 anos do bar e restaurante da 306 Norte, quando praticamente todos os “sócios” do Clube da Esquina — de Lô Borges a Fernando Brant — ali se apresentaram. “Me recordo também de um raro show de Baden Powell em Brasília que aconteceu no Feitiço e do qual fui o intermediário. Depois de fazer a sugestão ao saudoso Jorge Ferreira, entrei em o contato com o violonista, de quem me tornei amigo”. Ele diz que depois de três meses sem poder ir lá, por conta da covid-19, já está saudoso das boas música ao vivo. “Agora tenho apreciado lives, como as de Teresa Cristina, Hamilton de Holanda e Rogério Caetano”, acrescenta.

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