Qual a importância de se debater temas como a igualdade de direitos, no
momento em estamos vivendo esse turbilhão dos últimos meses?
A situação complicada que o mundo inteiro está vivendo favorece o diálogo, porque está deixando as pessoas mais sensíveis. Com todas essas deformidades sociais, as barbáries estão ficando mais claras. Como as pessoas estão vivendo no isolamento, está meio que impossível se distrair, porque antes era cada um correndo para dar conta dos compromissos, metas e objetivos, acho que isso estava perpetuando ainda mais as mazelas. Essa pausa mundial teve uma certa consequência positiva, as pessoas não tem mais desculpa para não ver o que está acontecendo. Isso faz com que o debate tome outras proporções, nunca é tarde para as pessoas perceberem a sua própria participação nos processos, porque somos todos parte de uma sociedade e se ela está em colapso, além de identificar no coletivo o que está acontecendo que está dando errado, precisamos identificar no individual também, em que medida podemos ajudar nessa transformação.
A arte e o ativismo sempre estiveram ligados em sua trajetória ou foi um processo de formação?
Eu sempre abordei a minha oportunidade de fazer diferentes papéis, sem nenhum tipo de limitação. Se eu tinha que fazer a loira burra, eu fazia, mas de um jeito que aquilo fosse mais uma reflexão. Mas na minha vida pessoal, nunca me permiti ser vista como um objeto. Em várias situações se eu tivesse sido mais ingênua ou medrosa, talvez eu pudesse ter vivido situações de assédio, por exemplo, mas isso nunca aconteceu, porque eu sempre me impus de forma bem resolvida, que não permitiu ameaças. Agora, estou com 49 anos, hoje como embaixadora da paz, uma mulher que tem mestrado em psicologia, minha vida vai mudando, sou essa pessoa hoje por causa de todas as escolhas que fiz, que me trouxeram a um lugar bacana, que promove a consciência, respeito e dignidade.
Ano passado você fundou a Embaixada da Paz. Como tem sido em 2020?
A Embaixada da Paz nunca fez tanto sentido. Tive uma programação que precisou ser revista, com muitas viagens internacionais. Ao mesmo tempo estou participando de forma virtual, como essa da OIT. O mais importante desse momento é a mensagem que eu trago. Há muitos anos debato temas que antes as pessoas tinham um certo distanciamento, achavam que era utópico, mas passou a fazer todo sentido. As pessoas começaram a ver o como é fundamental que atitudes pacíficas permeiem todas situações.