Mesmo após o anúncio do fim das atividades da banda brasiliense Móveis Coloniais de Acaju, em 2016, os integrantes sempre estiveram trabalhando juntos nos respectivos projetos. Essa união que nunca se quebrou volta a aparecer com mais força com o lançamento do projeto Remobília, lançado neste ano e que celebra a história do Móveis, dá visibilidade às carreiras solo e ainda traz canções inéditas, com elementos que fizeram a história do grupo.
A retomada envolve parte dos integrantes. Estão “de volta” o vocalista André Gonzales, o compositor e flautista Beto Mejía, o saxofonista Esdras Nogueira, o guitarrista e baixista Fernando Jatobá e o tecladista Gustavo Dreher. A ideia surgiu no ano passado, quando o quinteto percebeu que poderia reforçar essa união também para o público.
“De início, a ideia era de ser um projeto para mostrar o que a gente estava fazendo depois do Móveis, por isso o nome Remobília. Apresentar e relembrar um pouco do Móveis, em um projeto autoral em que a gente reforçará as carreiras e outros projetos”, explica André Gonzales. O projeto inicial consistia em uma apresentação em um festival e também alguns outros shows, em que o Remobília lembraria faixas do Móveis Coloniais de Acaju e também daria espaço aos trabalhos solo de cada um dos integrantes.
Saiba Mais
Composição
O primeiro material lançado foi o single Nós, em 17 de abril, canção romântica, mas que explica, de certa forma, esse elo entre o grupo: “Quero todos em mim, não me vejo só/ Sou e somos nós”. A música foi divulgada com um lyric vídeo e a banda produz um clipe com ilustrações enviadas pelo público. A participação foi tão grande, que o grupo ainda não tem previsão de lançamento do videoclipe.
Ontem, o segundo single do Remobília chegou às plataformas. É Sol no rosto, música que, para o grupo, ganhou um novo significado em meio à quarentena. “A gente fez antes da pandemia. É uma música ensolarada. Acho que na pandemia ela evoluiu para um espaço de questionamento bem maior, porque passamos a entender que tomar banho de sol é um privilégio para poucos. No final, essa música é um chamado de energia, de força e de luz para enfrentar com coragem as batalhas que estamos enfrentando”, explica André.
A música foi divulgada com uma imagem de todos os integrantes com o sol no rosto em um ensaio remoto feito pela fotógrafa Paula Carubba. A canção tem ainda a participação de Mateo Piracés-Ugarte, da banda Francisco el hombre. “O Francisco, el hombre é uma banda que veio a Brasília no Móveis convida. Somos de gerações diferentes, mas que temos muito a ver. Temos essa história em comum de interação com o público. Eles já falaram que fomos referência. Então, a participação do Mateo fala muito da nossa história e da história deles”, reflete Esdras.
Engajamento
Retomar a parceria foi algo muito natural para os músicos. “Essa parada da produção está sendo muito legal, a gente reconectar em torno de conexões de um trabalho juntos. É um negócio de todo mundo. As próprias músicas, a forma como estamos fazendo, em casa. Acho que deixa a coisa bem mais sincera”, avalia Esdras.
“Acho que foi fácil porque a gente, na verdade, nunca se distanciou. Acho que o mais legal é voltar a ter um elo com o público, porque nos nossos outros trabalhos, a gente tinha focos mais específicos de público. Esse momento é uma aproximação”, afirma André. A reconexão com os fãs foi automática. Assim que o quinteto anunciou nas redes sociais, o projeto foi abraçado pelo público. “Acho impressionante porque a gente lançou o projeto e o público é ainda muito engajado. O Móveis tinha esse público envolvido, que interagia mesmo, participativo”, completa o vocalista.
Além das canções, o projeto conta com uma página nas redes sociais, em que os músicos compartilham tanto o lado musical, quanto reflexões, principalmente, em lives. Em uma delas, André conversou com uma enfermeira que trabalha na linha de frente do combate ao coronavírus. “A gente acredita na música como formação e transformação”, afirma Esdras. Existe ainda uma expectativa de que o Remobília faça uma live pelo Itaú Cultural.