O xilogravurista José Francisco Borges, mais conhecido por J.Borges, como sempre cunhou sua assinatura nas obras, recebe, amanhã, uma grande homenagem da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Serão mais de seis horas de programação on-line, contando com brincadeiras infantis, filmes, tradições, gastronomia e música.
Nascido em Bezerros, cidade de 60 mil habitantes no agreste pernambucano, J. Borges frequentou a escola aos 12 anos, apenas por menos de um ano. Antes disso, aos 10, vendia na feira da cidade as colheres de pau que fabricava. Foi também marceneiro, mascate, pintor de paredes, oleiro e criou brinquedos. Foi o encontro com a poesia, no entanto, que mudou o rumo de sua vida.
Ele se tornou um grande poeta do sertão e contador de histórias pescadas na observação do cotidiano nordestino. O autodidata escreveu seu primeiro folheto em 1964, O encontro de dois vaqueiros no sertão de Petrolina. O impresso foi um sucesso e vendeu 5 mil exemplares em apenas dois meses, colocando o nome do artista na cena dos mais importantes na produção de arte popular brasileira.
A ideia para criar as xilogravuras surgiu quando o artista realizou a segunda publicação, O verdadeiro aviso de Frei Damião sobre os castigos que vêm. Na época, a produção de cordel era ilustrada com fotos reproduzidas em clichês de zinco, procedimento caro e lento que obrigava os artistas a ir até Recife para voltar com as ilustrações. Por economia, J. Borges fez sua própria xilogravura, inspirada na fachada da igreja de Bezerros. Começava ali a carreira de xilogravador, passando de autor, também a ilustrador.
A festa de São João não será a primeira homenagem que o artista recebe da Fundaj. Há 20 anos a Fundação Joaquim Nabuco concedeu a medalha de honra ao mérito a José Francisco Borges. No ano passado, a Fundaj o agraciou novamente, com a Medalha Gilberto Freyre, pelos 40 anos do Museu do Homem do Nordeste.
Para o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco, Mario Helio, a homenagem ao artista foi natural. “A ideia de homenagear J. Borges surgiu de modo natural e até lógica, pois a temática do São João, do Santo Antônio, do São Pedro e de muitas outras tradições da cultura popular do nordeste estão em sua obra. É mais do que uma homenagem, um reconhecimento e uma oportunidade de ensinar às novas gerações a importância de ofícios que remontam há vários séculos”, explica.
Além da festa, Mario revela que a fundação contará com obras do xilogravador no acervo. A fundação decidiu adquirir várias gravuras dele para que passem a integrar o acervo do Museu do Homem do Nordeste e possam ser vistas e admiradas por todos os visitantes do museu. Acompanhe a live, a partir das 15h, no endereço www.saojoaodafundaj.com.br e nas redes sociais da instituição.
*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira
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