O pernambucano Geraldo Azevedo tem as festas juninas no DNA. Nascido na região de Petrolina, desde a infância participava dos folguedos, dos quais além de fogueira e comidas típicas, não podiam faltar músicas de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Já como artista consagrado sempre teve a agenda repleta de compromissos no mês de junho, com apresentações em vários locais do país. Em decorrência da pandemia, ele teve que se reinventar.
Neste ano, em vez de shows presenciais, o cantor e compositor está celebrando os festejos juninos on-line, com o um álbum digital que traz o registro da 11ª edição do projeto Arraiá de Geraldo Azevedo. Gravado no Circo Voador, no Rio de Janeiro, em 2019. O repertório do show está disponível em todos os aplicativos musicais, enquanto os vídeos, estão sendo lançados semanalmente entre este mês e julho pelo canal oficial do artista no YouTube.
Acompanhado por banda de nove instrumentistas e três backing vocals, sob a direção musical do flautista e saxofonista César Michiles, Geraldo Azevedo canta cinco criações de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, entre as quais ABC do sertão, Sabiá e Xote das meninas; Ói eu aqui de novo (Antônio Barros), Espumas ao vento (Accioli Neto) e Petrolina e Juazeiro (Jorge de Altinho). Num medley foram incluídas os xotes O canto da Ema e Sebastiana, de Rosil Cavalcante, imortalizados por Jackson do Pandeiro. Em outras faixas, o cantor revisita sucessos como Moça bonita e Sétimo céu, que compôs com Capinan e Fausto Nilo respectivamente.
»Três perguntas // Geraldo Azevedo
No Arraiá, você canta quatro clássicos da obra de Luiz Gonzaga e fez um medley para homenagear Jackson do Pandeiro. Esses dois gigantes da cultura popular nordestina/brasileira são suas principais referências?
Com certeza, estão entre as minhas maiores referências, daquelas que vêm da infância. Luiz Gonzaga era a grande referência da música nordestina naquela época no sertão onde cresci. A primeira música que cantei em público foi ABC do Sertão, eu tinha uns 5 anos. Minha mãe tinha uma escola no bairro e sempre promovia saraus na comunidade. Ela ensinava cantando. Com Jackson, tive a sorte a honra de dividir momentos incríveis no início da minha carreira, aprendi muito com ele.
As músicas autorais incluídas no repertório, no seu entendimento são as que melhor se adequam à proposta do disco?
Creio que sim. Fizemos um recorte, que inclui os grandes clássicos dos festejos juninos e algumas autorais que sempre fazem sucesso no rastapé. A ideia era trazer um disco animado como a época pede.
Qual é a sua relação com os folguedos juninos?
Digamos que é uma relação bem íntima (risos). Os folguedos juninos vêm de casa, da infância. Na roça onde vivíamos não tinha luz. Então as famílias acendiam as fogueiras nas portas de suas casas. Era uma coisa linda, adorávamos. Tenho essa lembrança muito viva em minha memória. As fogueiras, o céu estrelado, o forró. Morávamos na roça às margens do rio São Francisco, plantávamos o milho no dia de São José para colher no de São João. Então era muita fartura, com todas aquelas comidas, pamonha, canjica, milho cozido, milho assado na fogueira. Todo esse cardápio junino delicioso.
Arraiá de Geraldo Azevedo
Álbum digital com
11 faixas, disponível em plataformas digitais.