Diversão e Arte

Dicas de português


Recado
“Comunicação não é o que se diz, mas o que se 
entende.”
Nizan Guanaes

Barbas de molho
Que medão! Governadores receberam sinal verde para fazer compras sem licitação. Produtos necessárias ao combate da pandemia têm pressa. Não podem esperar. Oba! Muitos deitaram e rolaram. Fizeram festa com o dinheiro público. As consequências, como diz o conselheiro Acácio, vêm depois. E vieram.
A polícia chegou com força total. O primeiro a cair nas malhas da lei foi Wilson Witzel. Deputados entraram com pedido de impeachment. A decisão foi unânime. Sua Excelência vai ter de se explicar. Fica a lição: a inglesinha impeachment se escreve desse jeitinho.

Sem pedigree
O verbo impichar começou a ser usado no início dos anos 1990. Veio ao mundo quando ocorreu o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. (To) impeachment significa impedir, evitar, prevenir. Não tem correspondente em português no sentido de impedimento legal de ocupar cargo ou exercer o poder. Impichar é ainda neologismo sem pedigree pra ganhar espaço no dicionário. Usa-se na língua de camiseta, bermuda e sandália. Mas não tem vez com a que veste terno e gravata.

Uma palavra leva a outra
Faustino Albuquerque, governador do Ceará, era um arbitrário: fechou rádios, prendeu estudantes, fez e aconteceu. Ventilou-se a hipótese de impeachment. Um chefe político do interior, bem bronco, ofereceu-lhe apoio. Pra fazer média, disse, na presença da imprensa, que “estava contra esses deputados que querem pichar o senhor”. Faustino, raivoso, dedo em riste, gritou: “Pichar? Eu sei quem vão pichar. É a sua mãe”.

Que doooooor
Uma enquete circula na internet: “Cite um erro de português que o incomoda profundamente”. Entrei na brincadeira. Citei rúbrica em vez de rubrica. A trissílaba é paroxítona como fabrica, cozinha, bebida. Torná-la proparoxítona maltrata o ouvido. Dói.

Por falar em pronúncia...
A semana foi pródiga em recordes. Dois sobressaem. Um: o número de mortos pela covid-19 no Brasil e no mundo. O outro: o desmatamento na Amazônia – o maior nos últimos 12 anos. Repórteres falaram no assunto. Maus alunos, esqueceram lição pra lá de respeitosa. Recorde rima com concorde. Paroxítonas, a sílaba tônica de ambas é cor.

A alternativa
Desinfetar ou desinfectar? Os dois verbos estão no dicionário. Você escolhe. A alternativa é acertar ou acertar.

Está em todas
Ufa! É um pega pra capar. Prefeitos liberam abertura de shoppings. Justiça manda fechar. Prefeitos recorrem. Justiça manda reabrir. O vai e vem virou notícia. Alguns escreveram Justiça. Outros, justiça. E daí?
Com a inicial grandona, é o Poder Judiciário. Com a pequenina, os demais casos: A Justiça ordenou a reabertura dos shoppings. Ele não agiu com justiça. Fez justiça com as próprias mãos. Os americanos pedem justiça no caso de George Floyd.

A deusa da justiça
Na Grécia antiga, a justiça era representada por Thémis. Antes, ela tinha os olhos bem abertos – sinal de pleno domínio da verdade. Nada lhe escapava. Segurava uma espada e uma balança. Com o tempo, a deusa começou a aparecer com os olhos vendados. Não para significar que justiça é cega, mas para frisar que trata a todos com igualdade. A balança simboliza o equilíbrio. A espada, a punição de quem desrespeita a lei.


Leitor pergunta

Há diferença entre “ir a Santos” e ir para Santos”?
Antônio Galeb, Santos

Ir a = deslocamento breve: ir ao cinema, ir ao teatro, 
ir ao Rio, ir a Santos.
Ir para = deslocamento duradouro. Em geral, implica mudança: Foi para Brasília na esperança de conviver com autoridades. Vai para Londres fazer o curso. Na busca de oportunidades, jovens vão para grandes centros.