Um dos artistas mais requisitados para shows na temporada de festas juninas, Alceu Valença mantém-se em casa desde março, cumprindo isolamento social por conta da covid-19. Vários shows foram cancelados e uma turnê por países da Europa precisou ser adiada para o verão de 2021. Para ocupar o tempo, o cantor e compositor pernambucano tem feito lives solidárias e, além disso, lançou o primeiro single de Tomara, uma das faixas de Valencianas II, CD e DVD que gravou com a Orquestra Ouro Preto em janeiro último, na Casa da Música, na cidade do Porto (Portugal).
A canção escrita há 30 anos, no verso inicial diz: “Tomara meu Deus tomara/ Que tudo nos separa/ Não frutifique e não valha/ Tomara meu Deus tomara”. Para o cantor e compositor pernambucano, “mais que um libelo de uma nação solidária, o single serve de antídoto para esse” dias de incerteza”. Valencianas II, com lançamento previsto para o final do ano, traz clássicos da obra de Alceu como Como dois animais, Na primeira manhã, Pelas ruas que andei e Solidão.
Com arranjos escritos por Mateus Freire e direção de cena de Paulo Rogério Lago, o DVD que dá continuidade ao projeto lançado em 2015, permite Alceu estabelecer um diálogo com a música de concerto e uma ponte entre sonoridades do Nordeste e o barroco mineiro. “É outro viés, um olhar diferente sobre a minha obra. Isso ocorre em função do espírito da Orquestra Ouro Preto, formada por músicos jovens que contagiam não apenas pela destreza com que executam seus instrumentos, mas também pela maneira com que interpretam as nuances da minha música”, destaca.
» Entrevista // Alceu Valença
Você lançou o single com Tomara, numa releitura desta canção, clássico de sua obra, com a Orquestra Ouro Preto. Antes da pandemia, a ideia era lançar logo em seguida o álbum e o DVD ou já estava previsto mesmo para o final do ano?
Por conta da pandemia, tivemos que reprogramar o lançamento para o final do ano. E resolvemos antecipar o lançamento do single Tomara, que fiz em 1991, em parceria com Rubem Valença Filho. Esta música clama por uma nação solidária e sem preconceitos, algo que dialoga diretamente com o atual momento em que vivemos.
Em tempo de covid-19, o que tem feito artisticamente para ocupar o tempo?
Tenho tocado muito violão, estou tocando como nunca! Falo bastante com amigos e parentes por telefone. Sigo um aplicativo que me faz andar 10 mil passos por dia e procuro manter o ritmo em casa enquanto não posso andar pela praia do Leblon, pelas ladeiras de Olinda ou pelos caminhos de Lisboa. Mas sigo confiante de que este momento vai passar logo!
Tem feito lives?
Fiz duas em maio, com participação de Paulo Rafael, e tenho mais três agendadas para junho: no dia 20 participo do festival João Rock, de Ribeirão Pretom e devo fazer duas outras lives na sequência. Importante também é ter algum caráter solidário. Fizemos uma parceria com a UBC e o Spotify que rendeu cerca de R$ 50 mil para músicos e compositores impedidos de trabalhar durante a pandemia. No mais, é como diz a própria letra de Tomara: “que tudo o que nos separa / não frutifique e não valha / Tomara, meu Deus!”
Nos anos anteriores, sua agenda sempre esteve lotada de compromissos no período das festas juninas. Quantos shows foram cancelados?
Tivemos muitos shows cancelados, outros adiados, além da excursão que eu faria no meio do ano pela Europa, que ficou para o ano que vem. Os shows em Portugal, Espanha, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Holanda e Suíça foram reagendados para o verão europeu de 2021. No Brasil, foram vários, no Rio, em São Paulo, em Pernambuco, também o Na Praia, em Brasília, que eu espero poder fazer na próxima edição do festival.