Banda lendária do rock brasileiro, o Ira! lançou o primeiro disco de inéditas em 13 anos. Por mais que anos tenham passado, a formação tenha mudado, a mensagem do grupo, que leva o pecado capital da raiva no nome, continua potente, com críticas ao sistema, mas, ao mesmo tempo, sem deixar de lado as baladas que também são sucesso entre os fãs.
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Segundo Nasi, o nome IRA para o álbum também foi uma consequência dessa identificação de que o trabalho tinha muito em comum com a forma como a banda cresceu e se desenvolveu desde o primeiro lançamento, em 1983, até agora. No entanto, um fator externo fez eles terem certeza da escolha de fazer deste disco homônimo. “Uma das grandes referências do Ira! é o The Who e, em 2019, os ingleses lançaram um disco que também é o 12º disco autoral deles, também tem 13 anos de distância desde o último lançamento e o disco do The Who chama-se WHO, quando vimos isso como fãs, decidimos ir na cola deles”, lembra o vocalista.
O álbum de 10 faixas, marca a primeira colaboração da nova formação da banda, que ainda conta com Nasi, nos vocais, e Edgard Scandurra, na guitarra, do grupo original. Contudo, agora, quem assume o baixo é Johnny Boy, e as baquetas estão no comando de Evaristo Pádua. “Desde que o Ira! voltou, sempre teve claro que se a nova formação se entrosasse bem, seria uma consequência fazer outro capítulo da nossa discografia”, conta Nasi.
Debates
Canções do disco, como Mulheres à frente da tropa e O homem cordial morreu são duas do novo disco que figuram agora no repertório de críticas ao sistema da banda. “A guinada forte do nacionalismo pelo mundo e a subida do extremismo de direita ao poder nos assusta. A gente vê agora as manifestações mundiais por George Floyd, mas, no Brasil, temos um Floyd por minuto. O momento é extremamente delicado”, fala Nasi.
“Eu tenho 58 anos, eu cresci na ditadura. O IRA! quando nasceu, ainda existia censura no Brasil. Mesmo assim, eu nunca vi coisas como as que estou vendo agora. Essa música fala da necessidade de uma frente ampla, de considerar baixar certas bandeiras, porque nós temos um inimigo comum, que é o fascismo crescente no Brasil. Estamos tendo que lidar com poderes milicianos, tentativas ‘espartanas’ de criação de exércitos paramilitares. Ao mesmo tempo, estamos no meio de uma pandemia e as instituições não estão respondendo às agressões que a Constituição e a democracia estão sofrendo à altura” analisa o músico, sobre o atual período político do país.
IRA.
Novo disco do Ira.! Independente, 10 faixas. Ira.! Disponível nas plataformas digitais.
*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira