O DJ, um dos profissionais na área da música com maior presença em eventos, a exemplo de outros protagonistas na cena artística brasiliense, vêm enfrentando dificuldades por causa da inatividade em tempo de o pandemia. Isolados socialmente, buscam alternativas para preencherem o tempo e obterem alguma remuneração.
Boa parte deles vem se dedicando a realização de lives. Outros têm se dedicado a pesquisas, a baixar músicas e a fazer produções. Também há os que, mesmo sem saber quando voltam a comandar picapes em shows e festas, elaboram projetos para desenvolverem, presencialmente, na retomada do ofício. Mesmo tendo que arcar com sérios prejuízos, resignados, cumprem, à risca, as restrições que são impostas pela covid-19, a todos os cidadãos e se mantêm em quarentena. Sete deles, especialistas em ritmos diversos, foram ouvidos pelo Correio, que abre espaço para os relatos.
Chicco Aquino
Conhecido e aplaudido como DJ da Makossa, tradicional festa black em Brasília, Chicco Aquino deixou de comandá-la, em 4 de abril, no Setor Comercial Sul; assim como a Tônica, no dia 26 último, e na cobertura do B Hotel (Setor Hoteleiro Norte), por causa do coronavírus. Da agenda dele faziam parte também eventos particulares, que não puderam ser realizados. “Em isolamento social, tenho me ocupado com pesquisas musicais, organizando meu estúdio e colocando em ordem os discos de vinil. Tenho feito, também, lives da Makossa, no perfil do Brooklyn Setor Café Bar e no meu perfil @chiccoaquino. Além disso, promovi um festival de lives, em 27 de março, data do meu aniversário, com a participação de 10 DJs e 12 horas de duração”, comenta. “Ainda não consegui desenhar projetos para quando voltar a tocar em eventos presenciais pós-pandemia”, acrescenta.
Pequi
As últimas apresentações de Elô Boene, a DJ Pequi, antes da covid-19 foram na casa de cultura Cavaleiro de Jorge, na vila São Jorge, na Chapada dos Veadeiros; e na terça-feira de carnaval, com o 7 na Roda. Ela tem estudado marketing digital, ouvido e pesquisado músicas. “Como venho estudando e pesquisando bastante no segmento da música latina, certamente algo vai brotar para ser utilizado em futuros projetos, dos quais, além de DJ, acumulo as funções de produtora e divulgadora. Atenta às determinações das autoridades da área da saúde, cumpro quarentena cuidando de mim e pensando e no bem-estar das outras pessoas”, conta.
Pezão
Desde 8 de março, quando a Cervejaria Criolina promoveu a última festa antes da pandemia, o DJ Pezão tem exercido mais a função de executivo da casa noturna do Setor de Oficina Sul. “Como gestor da empresa, estou empenhado na produção de eventos on-line. São festas que vêm ocorrendo às sextas-feiras, com a participação de outros DJs. Criamos a festa Tela Plana e lançaremos o projeto In Jazz, igualmente on-line, que no retorno das atividades com a presença do público, será apresentado em nosso palco. Venho também catalogando o acervo de discos da Criolina. Quando me sobra um tempo, toco nas lives”.
Paula Torelly
Logo depois de tocar durante o carnaval na Yurb (Avenida das Nações), com o Bloco Eduardo e Mônica; no Canteiro Central do Setor Comercial Sul, com o Bloco Balbúrdia; e na Praça do Cidadão, em Ceilândia, Paula Torelly iria se apresentar na festa Drops, no Garden Hall (Setor de Hotéis e Turismo Norte) e na Birosca, no Conic. Esses dois eventos, porém, foram adiados por causa da pandemia. Em casa, cumprindo distanciamento social, a DJ mantém-se em constante atividade. “Fiz lives e, em uma delas, com a participação de dançarinos. As lives visam entreter as pessoas e me conectar com meus seguidores”, destaca. “Estou ampliando minhas pesquisas musicais, em busca de novos gêneros e também estudando violão e práticas de mixagem, para utilizar em novas estratégias do meu trabalho assim que voltar a tocar no circuito noturno brasiliense”, complementa.
Maraskin
Diante da ausência de atividades que possam gerar renda, o DJ Maraskin foi em busca de alternativas para suprir as necessidades. “Em uma vaquinha virtual, consegui 49 apoiadores. Depois, criei uma rifa para 200 participantes, cujo prêmio será uma festa em que vou tocar”, anuncia. Residente do Velvet (102 Norte) e do Pinella (408 Norte), ele está sem tocar desde 18 de março, quando se apresentou no bar e restaurante Santa Fé, no Jardim Botânico. “Enquanto a covid-19 não permite exercer o nosso ofício em casas noturnas e eventos particulares, venho ouvindo muita música, participando de lives e buscando manter a sanidade mental.”
Donna
“Eu estava me preparando para viajar para os Estados Unidos, onde participaria do SXSW, o maior festival de música e tecnologia do mundo, que seria realizado em Austin (Texas), mas fui impedida pela pandemia”, revela a DJ Donna, sem esconder a frustração. Como permaneceu em Brasília, vem se ocupando, durante o isolamento social, com várias atividades, entre as quais a discotecagem e bate-papos on-line com pessoas da área da cultura, que estão passando pelas mesmas dificuldades; além de participar de lives. “Estou também entrando em editais de projetos, na expectativa de essa tragédia passar”, diz.
Tumba’o
Ligado ao coletivo Corazón Salsero, com atuação no segmento da música latina desde 2012, o DJ Tumba’o toca em boates e festas particulares. Inativo há dois meses, viu vários eventos em que se apresentaria cancelados. “Estou aproveitando o isolamento para pesquisar e catalogar as músicas. Optei por não fazer live, mas, em breve, farei uma palestra interativa on-line trazendo curiosidades sobre a música e a cultura latina”, adianta.