Correio Braziliense
postado em 12/05/2020 10:11
Muitos foram os migrantes que deixaram a terra natal e vieram construir Brasília. Inaugurada há seis décadas, a cidade monumento era o sonho daqueles que buscavam melhores condições de vida. Além de novidade, Brasília trazia consigo esperança e sonhos. Assim, oito anos após a inauguração da capital, Eliésio Alcântara Lima saiu de Canafístula dos Moraes, em Presidente Dutra, a 350 quilômetros de São Luís, e veio ao Distrito Federal em busca de oportunidades.Ele foi o pioneiro de 12 irmãos da família Alcântara. Ao longo de 20 anos, desde a vinda de Eliésio, eles deixaram o Maranhão para viver o sonho de JK. Um puxando e apoiando o outro, assim, vieram e permanecem todos em Brasília até hoje. A história dos Alcântaras deu vida ao documentário de estreia de Larissa Leite, Cartas de Brasília.
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“A ideia surgiu quando meu pai (Eliézer Alcântara Lima) abriu uma mala baú e me mostrou. Naquele momento, eu tive acesso a diversos objetos que registravam a vinda da minha família paterna do Maranhão para Brasília. E entre esses registros, estavam dezenas de cartas que os 12 irmãos da família trocaram entre si e com os pais, familiares e amigos. Além de trechos de cartas, também utilizamos fotos de arquivo e imagens atuais dos 12 irmãos, que continuam em Brasília. Então, o documentário surge a partir da vontade de pegar objetos que estavam no baú e questionar que história poderiam contar, que novo sentido poderiam nos oferecer”.
“Esses 12 irmãos não são personalidades ilustres, eles vieram para a nova capital sem muitas referências e conseguiram construir uma trajetória digna. Ao decidir enfrentar o desconhecido por melhores condições de vida, também deram à cidade uma geração de filhos, que já lhes dão netos, que fazem de Brasília uma cidade viva, que se reinventa. Faço parte da primeira geração de pessoas dessa família que nasceram aqui e sou grata por terem escolhido Brasília, uma capital que extrapola o aspecto político. Novos olhares oferecem novas perspectivas sobre um lugar”, completa a diretora.
Larissa apostou no gênero documental. A diretora é filha de Eliézer Alcântara Lima, que tem a trajetória destacada na trama e por meio das memórias dele que o enredo é contado. “Eu tinha uma história, vontade de contar, e achei que deveria ser contada em um filme, que seria mais interessante na tela do que em um livro, por exemplo. A história da minha família, a que eu escolhi contar, se passa em Brasília, uma cidade que é tão visual, monumental, certo? Imaginei os personagens, que no caso são meu pai e meus tios, caminhando pela cidade, percorrendo lugares que eles estiveram no passado, revisitando a própria história a partir de um olhar do presente para o passado. E ainda que eu nunca tivesse tido na mão uma narração voltada para o cinema, com uma grande estrutura e equipe ao meu lado, achei que seria viável, possível, relevante, até. E assim foi feito”. A produção estreia no segundo semestre deste ano.
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira
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