Diversão e Arte

Músico de Planaltina usa amplificadores como instrumento em EP experimental

'Morte em pleno verão' é o primeiro EP individual de Victor Rodrigues e do projeto solo Qorpo


O músico planaltinense Victor Rodrigues, de 22 anos, lançou, no último dia 1º, o primeiro EP individual, Morte em pleno verão. O material integra o selo de música experimental Dobradiça Enferrujada.

O trabalho, com duas faixas de 12 minutos, chega junto a um vídeo produzido por Xavier Braun, que assina também a capa do EP. “Há algum tempo tenho produzido materiais explorando uma construção musical menos melódica e objetiva, tentando favorecer outras qualidades. Todavia, eu nunca me senti confiante com esses materiais para tornar isso público. O Morte veio da decisão de focalizar meus esforços em criar um registro mais consistente”, explica o artista.

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Nesse sentido, o incentivo do selo foi fundamental para que o trabalho chegasse ao público. “Ao final desse processo me senti confiante para compartilhar com alguns amigos. Dessas trocas, o som chegou ao Kino (um dos responsáveis pelo selo) e à Dobradiça Enferrujada. O Kino me ofereceu esse espaço de lançamento e me acolheu dentro de outros projetos do selo”, reconhece.

Victor explica o método de trabalho, feito de forma lenta e caseira, da seguinte maneira: “Nesse registro, experimento com algumas técnicas de no-input -- algo que consiste em utilizar um equipamento de áudio conectado em si ou sem um input de áudio externo, manipulando loops de frequência desse equipamento dentro dele mesmo, tornando ele um instrumento. Essa técnica normalmente é utilizada em consoles de mixagem, mas adaptei para uma pedaleira de guitarra. Isso cria um som bem específico e bem voltado à natureza das frequências criadas. Daí veio a abordagem mais tonal e não tão melódica do EP”. O resultado é uma espécie de paisagem ou escultura sonora.

A foto de capa é produzida pelo parceiro Xavier Braun, que se apropria da linguagem sonora para construir o vídeo que dialoga com a música. O projeto conversa ainda com as influências literárias do músico, como o título do EP, inspirado em um conto de Yukio Mishima, e o nome do próprio projeto, emprestado do dramaturgo, poeta e jornalista Qorpo Santo.

O artista segue com experiências sonoras, com calma e sem pressa para lançar novos materiais. “Atualmente, estou explorando mais a respeito das técnicas de no-input que comentei antes, e pensando conceitos e direções que divergem do Morte em pleno verão. Quero trabalhar isso com cuidado e paciência, então ainda não existem planos muito definidos.” 

*Estagiário sob a supervisão de Adriana Izel