Diversão e Arte

Rock permanente dos Titãs se despede do pioneiro Ciro

Cantor, compositor e guitarrista, e um dos fundadores da banda Titãs, Ciro Pessoa morreu em decorrência de câncer. Ele teria contraído o novo coronavírus


Membro fundador de uma das maiores bandas da história do rock brasileiro, Ciro Pessoa morreu na madrugada de ontem. O ex-Titã lutava contra um câncer e, segundo a ex-esposa Isabela Johansen, contraiu o novo coronavírus em uma das idas e vindas ao hospital. A morte do músico foi confirmada pelo amigo e ex-companheiro de banda Branco Mello.

Cantor, compositor e guitarrista, Ciro foi o responsável pela ideia de juntar os artistas e formar o icônico grupo de rock brasileiro. “Foi dele a ideia de reunir os amigos compositores no começo dos anos 1980 para fazermos uma banda de rock e, assim, formamos os Titãs”, postou Branco Mello em texto no Instagram.
 

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O músico teve papel fundamental no início do que iria se tornar uma carreira de sucesso dos Titãs. Ele foi responsável por composições importantes, como Homem primata e Sonífera Ilha, canção que teve trechos usados em homenagens ao artista nas redes sociais. “Siga em paz, querido Ciro. Descansa meus olhos, sossega minha boca, me enche de luz …”, escreveu Branco Mello. “Ciro encontrou sua Sonífera Ilha e deixou para nós um mar de alegria e amor. E, claro, o maior presente que eu poderia sonhar”, encerrou o texto Isabela Johansen.

Em 1983, deixou os Titãs e se envolveu em várias outras áreas da música. Teve a banda de rock gótico Cabine C, que fez sucesso, mas terminou por problemas com a gravadora. Iniciou alguns projetos solos e com banda na década de 1990. Escreveu um disco de música conceitual infantil ao lado de Branco que virou filme. Nos últimos anos, se aventurou no pop-rock com a banda Flying Chair, que lançou dois EPs, um álbum e um disco ao vivo.

Não só de música viveu Ciro Pessoa. Ele também tinha uma vasta carreira com as palavras. Escrevia poemas em um blog, fez matérias para jornais, chegou a ser agraciado com Prêmio Abril de Jornalismo em uma série de textos sobre os Caminhos de Santiago, e escreveu o roteiro de Oceano Atlantis, filme que também assinou a trilha sonora.

O compositor se converteu ao budismo Vajrayana no final dos anos 1990, adotando o nome religioso Dharma Tenzin Chöpel, que usava para assinar os textos escritos para revistas e jornais. Casou-se duas vezes: a primeira com Wania Forghieri, companheira de Cabine C, e a segunda com Isabela Johansen, com quem teve a filha Antônia.

Repercussão

Os Titãs e Ex-Titãs lamentaram a partida do amigo com quem escreveram o início da história de sucesso e se tornaram uma das maiores bandas do rock brasileiro.

Assessoria de Nando Reis afirmou que o artista está muito abalado com a notícia. Ele postou nas redes sociais um texto em homenagem ao amigo. “Ele se foi, a vida continua, a música é eterna, e a tristeza me invade. Ciro Pessoa, pessoa única, marcou minha vida”, escreveu no trecho final do texto.

Sérgio Britto, que também estava desde o início com Ciro e ajudou a escrever Sonífera Ilha escreveu: “Hoje, perdemos Ciro Pessoa, amigo querido e membro da formação original dos Titãs. Muito triste com tudo isso...”.

Quem também se expressou nas redes sociais foi Arnaldo Antunes. O artista repostou a homenagem de Branco Mello afirmando que compartilhava da mesma tristeza pela perda de Ciro Pessoa.

*Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira