Correio Braziliense
postado em 04/05/2020 21:40
O artista plástico brasiliense Pedro Ivo Verçosa morreu nesta segunda-feira (4/5), aos 34 anos. Formado em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (UnB), Pedro era um artista produtivo e frequente nos circuitos de exposições da cidade. O corpo será sepultado nesta terça-feira (5/4), às 11h30, na capela 3 do Campo da Esperança. Devido às precauções adotadas em função do novo coranavírus, somente será permitida a entrada de 10 pessoas por vez, por um curto período.
Em 2012, junto ao também artista Virgílio Neto, fundou o coletivo Laje. Amigos de faculdade, os dois ainda moraram por um ano em Londres. Em 2017, na capital paulista, fundaram o espaço Breu. "O Pedro era um cara com um coração muito grande. Ele era muito sensível. Muito interessado nas pessoas, em ajudar as pessoas. Não teve nunca uma pessoa que entrasse no ateliê, que quisesse começar na arte, que tivesse interesse, que o Pedro não sentava e conversava por horas e horas. Ele estava muito mais ligado em ajudar as pessoas que estavam começando do que crescer em uma carreira ou fazer sucesso", lembra Virgílio, em entrevista ao Correio.
“Ele tinha uma relação muito íntima com a arte, sincera, profunda e intensa. Ele sempre acreditou nessa relação afetiva da arte, que ela podia conectar as pessoas pelo afeto, pelo amor. O trabalho inteiro dele acho que se resume nessa vontade muito grande de se conectar com as pessoas por meio da arte, mas principalmente afirmando a vida”, sintetiza.
Gestualidade
Em janeiro, antes da pandemia, quando visitava Brasília, Pedro esteve em cartaz na Alfinete Galeria, com a exposição individual Há quanto tempo!?. A série retrata pessoas sentadas, de costas, com roupas claras, registrando o momento em que o retratista as via no início do encontro. Em entrevista ao Correio, o artista detalhou que “o trabalho não nasceu com vontade de série, mas como desculpa para que eu pudesse encontrar essas pessoas”.
A curadora e professora de artes visuais da UnB, Cinara Barbosa foi uma das personagens da série. Ela chegou a dar aulas para Pedro no início da graduação dele e sempre acompanhou o trabalho artístico do ex-aluno, seja como artista ou como gerente de espaços de arte. Há cerca de dois anos, Cinara esteve no Espaço Breu e conversou rapidamente com o ex-aluno sobre os desafios de se manter produtivo como artista e, ao mesmo tempo, estar à frente de um espaço.
Algum tempo depois, Pedro a convidou para um encontro na Galeria Referência, onde tiraria a foto que originou o quadro. “Ele comentou o quanto foi importante eu dizer para ele não abandonar a pintura, tendo em vista que ele estava à frente de um empreendimento e o quanto aquilo pode sugar uma pessoa. Eu acreditava muito no envolvimento dele, na dedicação dele na pintura. E que ele não deveria se afastar da produção”, recorda.
“Tem uma coisa crucial no trabalho dele que é essa questão do tempo, do movimento, que aparece de forma muito preponderante. Vincula-se a essa pesquisa pictórica intensa, que ele vai fazendo ao longo dessa trajetória dele, e que lida também com um conhecimento muito denso de História da Arte. Então, ele era um pensador, um pintor-pensador. Ele pensava muito na pintura”, reflete Cinara.
No decorrer desta segunda, amigos, familiares e admiradores da produção de Pedro Ivo homenagearam o artista.
Despedida
Brasília e a cena cultural da capital federal também se despedem da Dj Dai Monteiro. Aos 34 anos, a brasiliense não resistiu às complicações de um câncer no colo do útero e morreu no sábado (2/5). A dj e publicitária descobriu a doença, em estágio avançado, no fim de 2018. No ano passado, ela chegou a reunir mais de 14 coletivos de música eletrônica de Brasília para realizar a festa #DaiAnotherDay – A união pela cura, evento que teve os lucros revertidos para o tratamento do câncer.
*Estagiário sob supervisão de Roberta Pinheiro
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