Diversão e Arte

Rapper do Recanto das Emas, Hate Aleatório lança álbum

Tudo pelos Pretos é o título da obra autoexplicativa, pelo que defende Hate Aleatório



Uma mixtape feita por etapas, entre viagens do Recanto das Emas, cidade do rapper Hate Aleatório, para o Gama, local onde vive o produtor Santzu, que gravou o álbum. No início, Hate compôs singles para lançar separadamente, mas, no decorrer das composições, viu que as ideias se complementavam, o que rendeu nove faixas e um álbum completo, intitulado Tudo pelos pretos. “O formato da mixtape e quantas músicas estariam nela foram definidas com o tempo. Eu recebia os beats e ia compondo os singles, mas as ideias batiam, então decidi fazer o álbum”, relembra o rapper.

Com rimas “mais raras que um médico preto”, Hate trouxe vivências do Recanto, sonhos a serem alcançados, discussões sobre representatividade e, claro, questionamentos sociais. “Para escrever as faixas eu fui bem rápido, sempre tenho muitas ideias no meu caderno e celular. Fui desenvolvendo esse conceito e em tudo ali eu falava muito de preto, porque é uma característica minha. Gosto sempre de falar sobre pretos, porque ainda tem muitas pessoas que são leigas quando falamos de raça, sobrevivência, tudo que sofremos. Para escrever foi bem rápido, mas para soltar demorou mais, pois tudo foi decidido em detalhes, para que fosse algo bem profissional”, conta.

O nome Tudo pelos pretos surgiu pela inspiração de Hate por duas referências do rap nacional atualmente: Djonga e BK. Em uma parceria no disco Heresia, primeiro álbum de Djonga, os cantores lançaram a música O mundo é nosso, que traz uma mensagem de conquista para o povo preto. “Como se fosse a noite, cê vê tudo preto/ Como fosse um blackout, cê vê tudo preto/ São meus manos, minhas minas/ Meus irmãos, minhas irmãs/ O mundo é nosso”, diz o refrão da canção. 
 

Saiba Mais

 
Motivado pela música, Hate quis trazer essa referência para a mixtape: “essa música me inspirou. Antes o álbum ia se chamar ‘Tudo preto’, mas do nada veio na minha cabeça a palavra ‘pelos’, Tudo pelos pretos, que significa tudo por eles. Independente do que eu fizer da minha vida, tudo vai ser pelos pretos, o meu trabalho é uma parada para os pretos”.

Um título poderoso como Tudo pelos pretos, também traz responsabilidades para o artista. Representar a todo um povo, por meio da música, não é algo fácil, mas Hate diz que está preparado. “Traz um peso. Eu já era cobrado por alguns pretos, mas agora vou ser cobrado ainda mais. Vou ter que estar sempre pelo certo, tanto dentro da música, quanto fora. Em qualquer área da minha vida, estarei sempre representando os pretos. Preciso sempre tratar nossas pautas de forma correta, porque se não vou ser cobrado. Vou precisar estar sempre me posicionando bem, mas isso não é um grande problema, porque estudo muito e converso com outros pretos mais experientes para me informar e me posicionar cada vez melhor”, relata.

*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira



Tudo pelos pretos
De Hate Aleatório. Pela Hood, 9 faixas. Disponível em todas as plataformas digitais.