O brasiliense Gabriel Estrela começou a vida artística em Brasília no teatro musical. A projeção nacional veio em 2015 quando lançou o projeto Boa sorte, espetáculo teatral sobre a experiência do ator ao ser diagnosticado com HIV. A peça colocou a história do candango em voga e o levou a se dedicar a trabalhos sobre saúde sexual.
“Antes de todo o meu trabalho com saúde sexual, com prevenção, eu fui artista. Comecei a fazer piano quando tinha 11 anos. Comecei a cantar aos 13, tudo isso em Brasília. Em 2011, já trabalhava com teatro musical. O que rolou foi que o trabalho com saúde sexual cresceu tanto que o trabalho artístico ficou em segundo plano”, conta em entrevista ao Correio.
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Em março deste ano lançou outro trabalho, o single Onde está a estrela? gravado em parceria com o mineiro Bemti e escrita pelo pai de Gaê, Antônio Umberto de Souza Jr. A faixa celebra a parceria com Bemti que, junto de Cauê Lemes, produziu os dois primeiros singles do cantor em 2019.
A música seria um pontapé para o primeiro CD, que acabou tendo o lançamento pausado devido à pandemia de coronavírus. “Estou com todas as músicas prontas. O álbum estaria sendo lançado, mas, ao mesmo tempo, está rolando uma inspiração muito esquisita nesse momento, que acaba sendo inevitável”, explica.
Conceito
A “confusão” de Gaê vem também porque o disco tinha como proposta um olhar completamente diferente do que se vive hoje. Com canções concebidas desde a época em que estudava na Universidade de Brasília (UnB), em 2010 até um mês da gravação em estúdio, o álbum fala sobre a individualidade. “Isso é muito louco, porque acabou que a temática que foi me interessando é justamente o oposto do que a gente está vivendo agora. Eu queria muito falar sobre sair de Brasília, que é uma cidade pacata e muito reduzida. Sobre estar em São Paulo, que foi um momento de mudança na minha carreira. E sobre a individualidade no meio disso tudo, de como a gente fica atropelado pelas coisas e como é se afogar e se desafogar em você mesmo”, adianta.
Há três anos em São Paulo, o artista não esconde a admiração e também uma certa estranheza que tem por Brasília. “Acho que Brasília te coloca num estado muito cartesiano, pela própria geografia da cidade. Eu queria um pouco de bagunça, que era o que eu vivia no teatro de grupo aí em Brasília, que é algo muito performático, inovador e disruptivo”, comenta. Mas admite que a capital o inspira na hora de fazer música. “Muitas músicas têm modulação e variação de tom, compassos rítmicos, tem uma bagunça, que é essa vontade de bagunçar o concreto, de pintar as paredes brancas de Brasília. Acho que isso aparece na música brasiliense em geral, vejo pessoas como Moara e Paulo Chaves, que também fazem um pouco disso”, completa.