O rapper brasiliense Hungria Hip Hop lançou, na última quinta-feira (9/4), o videoclipe da música Made in Favela, inaugurando o projeto Legacy, no qual três clipes de músicas inéditas serão lançados mensalmente até junho. A canção exalta o sucesso alcançado por um jovem negro da periferia e a inveja despertada por ele.
De certa forma, a música espelha a trajetória do artista, que nasceu em Ceilândia, em berço humilde, e tornou-se um fenômeno do hip-hop nacional. De todo modo, Hungria foi um dos precursores do rap ostentação no DF. “Eu me inspiro muito no que vivo, no que vejo, nas comunidades daqui, nas coisas que vivi, nas coisas que sonho e acredito que ainda vou viver”, diz o rapper.
De acordo com ele, o trabalho é “totalmente rap, totalmente trap, tudo que sou acostumado e sei fazer de melhor". "O principal intuito é experimentar novas ações na minha carreira e aumentar o ritmo de conteúdo que produzo e ofereço para os meus fãs. Também é uma oportunidade pra inovar na minha carreira com foco nas oportunidades do mercado digital", explica.
O projeto Legacy é composto pelos três videoclipes, mas Hungria afirma que há mais de onde vieram esses. “Tenho muitas músicas gravadas e prontas para serem lançadas, porém, todas as vezes que paro para ouvi-las, vem aquela brisa -- uma está melhor que a outra, tá difícil escolher. Vem coisa boa por aí”, avisa.
“Os próximos clipes terão um mix de sentimentos e experiências incríveis vividos no camarim com os fãs, momentos marcantes na estrada e nos shows. Sobretudo, com aquela pegada de cantar a realidade dos moleques da favela, que sonham chegar onde cheguei e, quem sabe, mais longe ainda. Tenho essa parada dentro de mim, que minhas musicas servem de inspiração para quem está buscando espaço. Por isso, sou grato a Deus por essa oportunidade", completa.
“Os próximos clipes terão um mix de sentimentos e experiências incríveis vividos no camarim com os fãs, momentos marcantes na estrada e nos shows. Sobretudo, com aquela pegada de cantar a realidade dos moleques da favela, que sonham chegar onde cheguei e, quem sabe, mais longe ainda. Tenho essa parada dentro de mim, que minhas musicas servem de inspiração para quem está buscando espaço. Por isso, sou grato a Deus por essa oportunidade", completa.
Três perguntas// Hungria Hip Hop
O clipe começa com você tocando um piano de calda. Além de compositor e produtor, você tem alguma formação musical, formal ou informal?
Nas horas vagas, me dedico a estudar música e a aulas de violão, teclado e outros instrumentos. Não tenho nenhuma formação musical voltada para instrumentos, mas ao longo desses oito anos de carreira aprendi muitas coisas. Me identifico com a arte de compor. Quando vou para o estúdio, tenho em mente a batida, a levada e a melodia.
Qual a sua percepção sobre a cena de hip hop nacional e, especialmente, a do DF? Tem acompanhado novidades?
Acho que o rap e o hip-hop no Brasil está passando por uma fase muito bacana, uma fase de quebra de preconceitos, de paradigmas. Todos nós do rap sofremos muito, até devido à linguagem que a gente usava. O rap era muito marginalizado. Querendo ou não, é a voz da periferia. Não julgo quem canta esse estilo de rap (protesto), porém acho que tem muitas coisas boas também, na periferia, para serem faladas. Sobre o Distrito federal, fico sem palavras, porque todo o meu sonho começou aqui. Já acompanhava e já era um grande fã de vários artistas regionais de onde moro. Acho que a gente vive uma fase incrível, e o Brasil ainda tem que escutar muito e vai conhecer muitos artistas aqui do Distrito Federal. Tenho acompanhado muitas novidades e é nítida a evolução de toda a cena rap e hip hop nacional.
Você trabalhou bastante para chegar ao sucesso. Mas esperava chegar lá?
Continuo trabalhando muito. São muitos shows e viagens. O sucesso é consequência de um trabalho árduo e sólido. Sim, sempre trabalhei pra fazer sucesso, porém, só quero o que é meu. Várias vezes, as pessoas falam que mudei por conta do sucesso. É fato. Mudei mesmo, mas mudei para melhor, cada dia mais humano e sincero comigo mesmo. Não é o que as pessoas pensam sobre mim, e sim o que eu penso sobre mim. Isso me define. Admiro quem trabalha, não importa o tamanho do sucesso. Mas uma hora o sucesso chega e você precisa aproveitar a oportunidade.
Estagiário sob a supervisão de Adriana Izel