Durante a quarentena, as crianças e os pais estão buscando colocar atividades que misturem o lúdico, a educação e a cultura na nova rotina. Com escolas e pontos de cultura fechados, os educadores e artistas estão migrando para as redes para fornecer interatividade e conteúdos voltados para os pequenos.
O projeto Histórias em Casa é uma iniciativa dos autores infantis do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal (Sindescritores), com contação de histórias, ao vivo, nas redes sociais do Instagram e Facebook. O projeto ocorre toda quinta-feira, até 7 de maio, às 13h30. Nas lives, as crianças podem tirar dúvidas sobre a criação das obras literárias, pedir os livros autografados e entrar em contato com os autores por telefone.
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A próxima contação, em 9 de abril, é a da obra Dona aranha e a fadinha, de Gacy Simas. “O projeto foi uma demanda dos escritores de literatura infantil do Sindescritores, com o intuito de continuar o vínculo com as crianças, nossos leitores. Assim, eu e a Verônica Vincenza, diretora de literatura infantil da entidade, propusemos o projeto Histórias em Casa. Sendo educadora de formação, vejo a necessidade do incentivo constante à leitura e escrita”, explica Gacy Simas, diretora de literatura pré-escolar.
A autora conta que o mundo infantil sempre a inspirou. “A observação das atitudes e expressões dos alunos, filhos, netos, sobrinhos nas diferentes idades é o dínamo que me move a escrever”, reflete Gacy. O projeto segue com as obras O chocalho de Carlinhos, de Verônica Vincenza; O Boto-cor-de-rosa na Amazônia, de Pedro Ivo; Os coelhinhos amigos, de Ironita Motta; e, para finalizar a temporada, Joãozinho e o pé-de-pequi, de Augusto Niemar.
Teatro
A tradicional companhia de teatro infantil brasiliense Néia e Nando tem feito lives diariamente nas redes sociais às 17h, no Instagram do grupo e de shoppings parceiros, além de contação de histórias às 15h e às 18h no Facebook e no YouTube. Para completar, a companhia tem um canal do YouTube, o Néia e Nando TV, em que disponibiliza espetáculos completos como, por exemplo, O pequeno príncipe, Aladdin, Toy Story, Tarzan, A pequena sereia, entre outras produções do grupo.
A ideia surgiu da atriz Luisa Miranda junto à maquiadora Lua Rodrigues, pensando no público fiel. “Esses encontros têm sido uma enorme arteterapia para a meninada e para nós também. Nos deparamos com pais e filhos. É um verdadeiro encontro em família, só que na web”, declara Nando Villardo, diretor da trupe.
O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) também contribui com pais e crianças, por meio do projeto CCBB Educativo arte e educação, que está disponibilizando cerca de 150 obras do acervo digital, durante o período de isolamento de prevenção ao coronavírus. Esse projeto está sendo desenvolvido desde 2018 pelo JA.CA., um centro de arte e tecnologia de Belo Horizonte. No site, é possível encontrar arquivos de vídeos, imagens e textos sobre arte, cultura e educação incluindo obras sobre percussão corporal para crianças.
Como as crianças estão impossibilitadas de acessar presencialmente o ambiente escolar e espaços de cultura, os pais podem cumprir a função de educadores e mediadores entre os conteúdos disponibilizados e os pequenos aprendizes. Além do material para educadores, tem o convite à ativação, pensado para as crianças e para as famílias, que, normalmente, é impresso e que acompanha as visitas educativas para ser levado para casa e dar continuidade às reflexões. Esses materiais agora também estão disponíveis no formato digital para download.
Dentre os projetos que estão migrando para o digital, está também a iniciativa Lugares de criação em casa, com conteúdos disponibilizados tanto nas redes sociais do JA.CA quanto nas redes dos CCBBs de Belo Horizonte, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Esse projeto ocorre todos os fins de semana, pensados para crianças e família como um espaço de aproximação das artes, tudo adaptado para esse momento.
Os pais podem acessar os sites ccbbeducativo.com e jaca.center além das redes sociais do CCBB e do JA.CA. A maior parte dos materiais do projeto têm legendas e acessibilidade em Libras.
Outras iniciativas
Há outros educadores e artistas com propostas que envolvem entretenimento e informação para o público infantil. A terapeuta educacional Tatyanny Araújo escreveu o livro Por que eu não posso ir lá fora? para a filha Alice, de 2 anos, explicando o coronavírus por meio da história.
“Sou terapeuta ocupacional, moro na Alemanha há quase um ano e estamos lidando com a quarentena. Sempre conversei muito com minha filha e sempre falei a verdade para ela. Claro que tenho o cuidado de adaptar o contexto de forma lúdica para que ela entenda. Desde que cheguei na Alemanha, senti a necessidade de ilustrar as várias situações da nossa vida para ela. Agora, com a Covid-19, fiz a historinha e ilustrei de forma simples. Como ela gostou muito, entendeu e até contou a própria versão da história, decidi não guardar o livro só para mim e disponibilizei para download para que ajudasse mais famílias e educadores”, conta a terapeuta.
Ela compartilha o dia a dia, dicas de atividades, educação infantil, aconselhamento para pais educadores, no perfil do Instagram @tatyanny. Os pais podem fazer o download do livro cadastrando o e-mail no site tatyaraujo.rettore.com.br.
O educador musical Marcelo Serralva, do canal Marcelo Serralva no YouTube, desenvolveu um jogo sobre o coronavírus, que pode ser baixado gratuitamente para as crianças, e o passo-a-passo também está em um vídeo do canal.
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira