A cultura drag ganhou espaço nos últimos anos na cena pop. No Brasil, com a ascensão de nomes como Pabllo Vittar, Glória Groove e Aretuza Lovi. No mundo, com o sucesso do reality show RuPaul Drag’s Race. Mesmo assim, há espaços em que esse movimento artístico ainda procura se inserir, como o rock, gênero que foi escolhido pela drag queen Naja White para iniciar a carreira musical.
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O primeiro EP de Naja White deve ser lançado no segundo semestre e reunirá canções que são uma espécie de desabafo: “Falarei sobre dramas da ‘vida de adulto’, amores platônicos e frustrações pessoais”.
Duas perguntas // Naja White
Qual é a importância de quebrar essa barreira no rock, um gênero que costuma ser mais restrito?
Conversando com várias pessoas do meio LGBTQIA , percebi que o que mais as afastavam do rock era o fato de ele ser, por vezes, machista e exclusivista (se você ouve rock, tem que ser fiel e não pode ouvir outros estilos diferentes). Vale lembrar que até mesmo o emo foi um estilo hostilizado e que sofreu muito preconceito, mesmo de quem curtia rock naquela época. Acredito que ter uma drag queen fazendo isso é algo transgressor, que faz com que essas barreiras impostas demagogicamente caiam por terra. Afinal, eu sou uma drag queen e posso fazer o que eu quiser com a minha arte! Quero que as pessoas se reconectem com o rock, voltem a ouvir e dançar em festas e shows, lembrando que é apenas mais um dos muitos estilos musicais e que a música é para todos.
Musicalmente falando, quais artistas lhe inspiram?
É legal essa pergunta, porque muita gente pode pensar que eu só ouço rock. E não é bem assim! Musicalmente, muitos artistas me inspiram. Ultimamente, estou ouvindo o novo álbum do Cícero, que é um cantor de MPB. A sensibilidade e letras dele me inspiram demais a refletir sobre os meus sentimentos mais profundos e como transformá-los em música. Mas, pensando no estilo musical que faço, bandas como Blink 182, My Chemical Romance, Linkin Park, Green Day, Sum 41, CPM 22, NX Zero e Pitty são artistas que claramente me influenciam! Mas vale dizer que também ouço Lia Clark, Kika Boom, MahMundi, Madonna, Lady Gaga... O pop e a música eletrônica também me agradam muito! Entendo que música é cultura. E consumir culturas diferentes só nos enriquece por dentro!