Correio Braziliense
postado em 14/03/2020 06:20
A cultura underground foge dos padrões comerciais, do modismo, do convencional. Tem vida própria. Devido a isso, muitos espaços que estimulam essa forma de cultura acabam distantes de grandes públicos, ou até de divulgação na mídia.
Para quem vive de cultura, a cena underground é uma ótima escola, espaços como o Cio das Artes e Túnel do Tempo, em Ceilândia, dão oportunidades para que artistas se apresentem nos palcos, muitas vezes pela primeira vez.
Mesmo assim, essa forma de cultura ainda sofre com preconceitos por tocar ritmos como funk, hip-hop e rock. “Fora do underground ainda há muito preconceito, alguns lugares que a gente toca têm uma certa resistência por parte das pessoas que contratam e até do público. Dentro do ambiente underground, há mais aceitação, independentemente do lugar”, conta o DJ Moisés Pretinho, um dos nomes fortes da cena no Distrito Federal.
Moisés respira o underground desde cedo, assim a cultura tem grande participação e significado em sua vida. “Representa tudo o que sou, vivo, onde ando, como ando, como me visto e falo, o que escuto e onde eu nasci. Tudo veio do underground (fora dos padrões convencionais), as oportunidades, meu trabalho e visibilidade foram por meio dele”, explica o Dj.
Além de oferecer oportunidade, a cena também funciona como espaço de acolhimento para pessoas que demoraram a achar sua identidade na sociedade. A House of Kimera, por exemplo, é mais do que um lugar para batalhas de dança vogue, é também uma família. “No fim do ano passado fiquei sabendo de umas aulas de vogue que a House estava dando no Jovem de Expressão e decidi ir com uma amiga. De início as aulas, o clima de acolhimento me impressionou muito, comecei a ir com mais frequência nas aulas e descobri que a House é muito mais sobre afeto do que simplesmente uma casa para se dançar”, conta a dançarina Gabriela da Costa.
Para ela, as batalhas de dança são momentos de celebração das vivências da comunidade LGBTQIA%2b. “Levo a definição da House como um coletivo, onde temos nossas vivências respeitadas. Pessoas que foram expulsas, ou não encontram conforto na própria casa, são consideradas integrantes de nossa família”, completa.
No DF há diversos espaços de cultura underground, espalhados pelas cidades e também no Plano Piloto. Para ajudar na disseminação dessa forma de cultura, o Correio fez uma lista com vários espaços onde é possível se divertir, ouvir boa música e conviver com pessoas descoladas.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira
Mapa da cena
Cio das Artes
• Espaço para muito hip-hop e funk, o Cio das Artes (St. P, EQNP 10/14, Ceilândia) costuma realizar festas temáticas e bailes. O espaço também se destaca por oferecer o palco para que artistas se apresentem, muitas vezes pela primeira vez. Local aberto de quarta a sábado, das 16h à 1h.
Espaço Cultural Túnel do tempo
• Para quem busca um rolê na segunda-feira, o Túnel do Tempo (St. M, QNM 15, cj. P, lj. 05, Ceilândia) é o lugar ideal. O local fecha às terças e aos domingos, mas tem na segunda uma noite muito movimentada, com música ao vivo e Djs, das 18h às 2h. O local também abre de terça a sábado, no mesmo horário.
Ragna Rock Cultura Underground
• O rock n’ roll de Ceilândia é por conta do espaço RagnaRock (ADE, Q. 1 lt.21, SubSolo, Ceilândia). Aberto de terça a sábado, das 21h às 2h, o local oferece mesas de sinuca e muito rock com música ao vivo.
Gaiola Hookah
• O Gaiola Hookah (St. N, CNN 1, Ceilândia Centro) foge do tradicional de um hookah e realiza festas com charme, funk e até sertanejo. O espaço também é palco da principal festa de vogue do Brasil, na capital, a Batekoo. Aberto de terça a domingo, das 17h às 23h.
Praça do Cidadão
• Palco para grandes eventos como Ruas Convida, Carnaflow e Criptobaile, a Praça do Cidadão
(St. M, EQNM 18/20, Ceilândia) recebe muitas atrações culturais em seu espaço. A maioria dos eventos são produzidos pelo coletivo Ruas e pelo programa Jovem de Expressão. A praça também possui a Galeria Risofloras, onde são realizadas exposições e mostras visuais. Aberto 24 horas.
House of Kimera
• Local de acolhimento para pessoas LGBTQIA , a House of Kimera realiza batalhas de dança vogue e desfiles na Praça do Cidadão (St. M, EQNM 18/20, Ceilândia). A house é também um coletivo e divulga seus eventos pelo perfil no site: https://www.instagram.com/houseofkimera.
Casa do Cantador
• Também conhecida como Palácio da Poesia, a Casa do Cantador (QNN, Q. 32, AE G, Ceilândia) é um polo cultural nordestino na capital. O espaço recebeu shows de grandes artistas como Zeca Baleiro e atualmente oferece a exposição Cordelteca, com cerca de 2 mil livretos de cordel. Aberto de segunda a sábado, das 8h às 18h.
Tapera Pub
• O Tapera Pub (St. N, QNN 2) agita Ceilândia com apresentações ao vivo de rock, MPB e reggae. O espaço também oferece cachorro-quente, carne de sol e chili. O Tapera funciona todos os dias, exceto às terças, com apresentações ao vivo a partir das 21h.
Isso Aqui é DF
• Em Taguatinga, a diversão é garantida no bar Isso Aqui é DF (St. F norte, CNF 1). O espaço recebe festas de hip-hop, funk, dance hall, ragga, reggae e vários outros estilos. O Isso Aqui é DF também promove festivais que já receberam artistas como o Dj KL Jay, dos Racionais, e o rapper Febem. Aberto todos os dias, exceto às terças, das 8h às 23h.
Toinha Brasil Show
• O pub Toinha Brasil Show (SOF sul, Q. 09, cj. A, lt. 05/08, Guará) é uma ótima opção para quem busca apresentações de música autoral no Guará. Às quintas-feiras, o espaço realiza a Quinta Autêntica, destinado apenas para a música autoral do DF. Aberto sexta e sábado, das 20h às 04h.
Bar Praêro
• Diverso na programação, o Bar Praêro (Q. 15, cl. 9, lj. 04, Sobradinho) recebe shows que vão desde o modão ao rock. O lugar também tem como destaque as noites de flashback, geralmente realizadas às sextas-feiras.
Toinha Rock Pub
• Espaço de tributo para g randes artistas de estilos variados, no Toinha Rock Pub (QN 208, cj. C, lt. 03, Samambaia) é possível ouvir os melhores do rock clássico, os hits das divas pop e sucessos da banda Metallica. Aberto de quinta a sábado e vésperas de feriado, das 18h às 22h.
Rancho Uirapuru
• Grande rolê underground do Gama, o Rancho Uirapuru (Av. Contorno, lt. 04, Gama) recebe bailes funk no espaço. A artista Kaya Conky, autora do hit E aí bebê?, e os Barões da Pisadinha passaram pelo local. O espaço abre de acordo com os eventos realizados, para mais informações acesse o site: www.facebook.com/ranchouirapuru.
Birosca
• Localizada no Conic (SDS, Plano Piloto), a Birosca tem o espaço todo grafitado por artistas brasilienses. Além disso, o local recebe atrações musicais como a Toranja (rock) e Mvucka (afrobeat). Aos sábados, o espaço realiza festas e baladas temáticas. Aberto sexta e sábado, das 22h às 06h.
Subdulcina
• Espaço de contracultura no centro da capital, a Subdulcina fica no subsolo da Faculdade Dulcina de Moraes (Conic, SDS). O local tem em sua programação ritmos variados como ragga, hip-hop, funk, música eletrônica e da Tropicália. Aberto sexta e sábado, das 23h às 6h.
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