Diversão e Arte

'O Canto de Ninguém' retrata universo da música clássica

Foi em 2016, depois de assistir ao musical Wicked, que o ator e dramaturgo Luccas Papp descobriu a atriz ideal para seu ambicioso projeto: Fabi Bang parecia o nome certo para viver Samantha, uma cantora lírica talentosa, mas sem experiência. Papp havia acabado de escrever a peça, chamada O Canto de Ninguém, e conseguiu o consentimento de Fabi. Alguns detalhes, no entanto, como investimento na produção e a gravidez da atriz, adiaram a execução. Agora concluída, a peça estreia nesta sexta, 6, no Teatro Itália. O tempo, aliás, ajudou a melhorar a produção, pois o espetáculo conta com oito canções compostas especialmente pelo maestro João Carlos Martins. "É uma experiência única, pois volto aos palcos em uma peça que não é um musical, algo inédito em minha carreira, e ainda com a trilha criada por um artista do qual sempre fui fã", comenta Fabi. A trama é delicada e instigante: aos 27 anos, o compositor e pianista Geoffrey Smithson (interpretado pelo próprio Papp) é apontado como um gênio, o maior representante da música erudita do seu tempo. Apesar disso, trata-se de uma pessoa pouco sociável, focado em seu novo trabalho, uma ópera que, segundo ele, será "a maior realização musical do século". Mas, para isso, necessita de uma jovem cantora para ser a protagonista. É quando surge Samantha, que surpreende nas audições e chega à sala secreta do compositor para seu primeiro ensaio. "Foi algo semelhante ao que passei quando me apresentei para o maestro João Carlos", relembra Fabi, que, além das composições originais, tem um desafio e tanto em cena: interpretar A Rainha da Noite, composição da ópera A Flauta Mágica, de Mozart, além de citações a Antonio Vivaldi e Johann Sebastian Bach. "São árias difíceis até para cantoras líricas", comenta ela. Sua apresentação, no entanto, assim como a de Papp, encantou Martins. "Fabi tem uma afinação impecável, e ela e Papp têm uma densidade na atuação, mostrando bem esse desafio enfrentado pelos artistas jovens e ainda desconhecidos", disse o maestro, que se interessou em compor depois de ler o texto. "O tema que criei dá a ideia dessa melancolia de início de carreira." José Antonio Almeida encarregou-se de colocar na partitura as melodias criadas por Martins, assim como Kleber Montanheiro assina a direção da peça. Todos trabalhando no mesmo conceito. "Algo que sempre quis dizer, de como lidamos com a arte, que é uma questão mais de status do que de apreciação", diz Papp. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.