Correio Braziliense
postado em 16/02/2020 11:50
Muitas vezes, o desafio do artista não é apenas criar uma obra, mas também torná-la conhecida para que o público possa consumi-la e assim tornar a arte uma forma de sustento. Na busca pelo reconhecimento, artistas como Costa e Olívia tiveram a ideia de pregar lambe-lambes em pontos de Brasília, com frases e desenhos para despertar a curiosidade de quem passa por postes, paradas de ônibus e placas da cidade, sempre divulgando os perfis no Instagram (@oc.ruan e @oliviarua), ferramenta que utilizam para mostrar as artes produzidas.
Costa é tatuador, desenhista digital, grafiteiro e como última novidade começou a produzir pinturas em giz pastel, técnica que se popularizou nos séculos 18 e 19 com os franceses Maurice Quentin de la Tour e Edgar Degas. “Minha história com a arte sempre foi em forma de entretenimento. Desde pequeno, tenho contato por conta da minha mãe, que fazia telas e artesanatos, e meu pai, que fazia alguns trabalhos de marcenaria. Passei a encarar a arte como única forma de trabalho depois de perceber que minha capacidade criativa estava deixando de existir aos poucos, por conta dos empregos; então, decidi focar exclusivamente na tatuagem e na produção artística individual”, relata.
Como slogan para os lambes, Costa utiliza a frase “seja o artista”. “Com os lambes, podemos transformar as ruas em exposições de arte, fazendo parte de um pedacinho do dia de quem para, observa, lê e interpreta. Além disso, todo tipo de público é alcançado. A frase é sobre autoconfiança e força de vontade, é sobre você mesmo fazer o que deseja. Não podemos passar a vida em branco”.
Olívia também é uma artista de várias produções: é poeta, artesã, tatuadora, além de desenhar quadros, grafites, zines, tocar percussão e realizar performances. A ideia de pregar cartazes pela cidade surgiu com um desejo de intervir na cidade com a arte. “Eu distribuía poesia nos ônibus,:uma vez olhei para parada e vi um monte de cartaz de dentista. Então, pensei que talvez, se eu colasse as poesias, as pessoas prestariam mais atenção nas paredes. Acho que já devo ter colado entre 1.000 a 1.500”, conta.
A poesia mais conhecida da artista é “a carência cria afetos imaginários”, que por muitas vezes, viraliza na internet sem os devidos créditos. “Colocar essa frase na rua, com o meu nome, é muito importante para mim, já que essa frase foi compartilhada diversas vezes em grandes páginas da internet sem os créditos. É como se eu falasse: ‘toma cuidado, quando estamos carentes há muitas chances de algumas coisas darem errado e de esquecermos de ter responsabilidade afetiva’”, explica.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco
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