A música eletrônica é um estilo consolidado mundialmente, sendo o terceiro gênero musical mais popular, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, em inglês), com mais de 1 bilhão de ouvintes globais, ficando atrás apenas do pop e do rock. Por aqui, as batidas eletrônicas seguem a mesma tendência de crescimento do padrão mundial. O International Music Summit (IMS), evento mundial de música eletrônica, mostra que o Brasil faz parte dos 10 países que mais consomem o gênero no Spotify.
A evolução do estilo também é perceptível quando a última década dos grandes festivais brasileiros são analisados. O Rock in Rio, em 2013, apostou em David Guetta no palco de rock mais famoso do mundo. O artista foi o primeiro do ramo eletrônico a tocar no palco principal do festival. No Lollapalooza, em 2017, Vintage Culture se apresentou ao mesmo tempo que outros três artistas, e a área disponível para o show do Dj foi fechada por conta de superlotação. O Villa Mix, tradicional evento de sertanejo e diretamente relacionado com Brasília, está atrelado diretamente ao nome de Alok, classificado como o 11º maior Dj do mundo pela revista Mag.
O surgimento das plataformas digitais também está diretamente ligado ao crescimento da música eletrônica no mundo. Estudos da International Music Summit Business Report de 2019 mostram que as receitas geradas pela música tiveram aumento de quase 10%, sendo que a América Latina teve o maior crescimento no período (17%). No Spotify, por exemplo, são mais de 12 bilhões de streams mensais de música eletrônica.
De Brasília
Nascido na capital federal, o Dj Raul Mendes é um dos grandes nomes de sucesso no Brasil e no mundo. Com duas décadas de carreira, o artista começou a tocar em 2000, com equipamentos emprestados. Profissionalizou-se em pouco menos de um ano e logo se tornou referência no Centro-Oeste. Desde então, é reconhecido por participar de grandes festivais de música eletrônica como a
Tomorrowland Brasil e o Ultra Rio.
O Dj passou por várias vertentes do estilo. Começou com o Psytrance e passou para o House/Electro House, momento em que ganhou notoriedade nas casas noturnas do Distrito Federal e abriu espaço para a realização de três turnês internacionais. Agora, em 2020, está se preparando para um novo desafio. Adotou o codinome de Pirate Snake e tocará Tech House, uma mistura de Techno com House. Nas plataformas digitais, a faixa original I feel está disponível para execução. A aposta faz sentido, visto que em 2019 as Djs de Techno dominaram o circuito de festivais mundiais, segundo o IMS.
“Eu estava estigmatizado por conta de um estilo musical que eu fazia, que é oposto ao que faço agora. Mudei de nome por estar receoso com isso. É um novo estilo de trabalho, mais pessoal. Temos que tocar o que gostamos. A função é sempre agradar o público, mas temos que o unir o útil ao agradável. É importante estar em constante evolução, ver o que está funcionando na pista e levar para o estúdio”, explica Pirate Snake.
Além de Dj, o brasiliense também é produtor musical. Raul Mendes é responsável pela criação do Federal Music, um festival de música eletrônica que colocou Brasília no mapa dos grandes artistas. Todo ano, uma line-up com mais de 50 artistas selecionados se apresentam na capital federal. Pirate Snake também se apresenta no XXXPERIENCE Festival, na Granja do Torto, em maio.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco
XXXPERIENCE Festival
Parque Granja do Torto (Brasília/DF). 23 de maio, às 17h. Festival de música eletrônica com dois palcos e atrações como Pirate Snake, Gabe e KVSH. Ingressos estão à venda a partir de R$ 70 (meia-entrada e primeiro lote). Não recomendado para menores de 18 anos.
Três perguntas/ Raul Mendes (Pirate Snake)
Como está o cenário da música eletrônica no Brasil?
Por aqui, evoluiu muito. Era tudo muito amador até 2014, agora as coisas estão mais profissionais. Precisamos melhorar em comparação com outros países como a Holanda, berço da música eletrônica.
Dentro do estilo eletrônico, é mais fácil trabalhar com lançamento de singles do que de compactos?
O álbum tem muitas músicas, é difícil ver todas dando certo. O single é mais fácil de ser distribuído, você gasta toda a energia ali, e o consumidor tem uma experiência mais confortável com aquela música.
O que o Pirate Snake prepara para 2020?
Toda vez que se começa algo novo é uma expectativa diferente. Estou plantando bastante coisa por agora para começar a colher no segundo semestre. Tenho mais de 20 músicas prontas, contatos com gravadoras internacionais e estou confirmado em grandes festivais, além de apresentações nos Estados Unidos e na Bolívia.