Durante o Circuito Candango de Culturas Populares, vários artistas anunciaram projetos e apresentaram reflexões. Tamá Freire, representante do Bumba Maria Meu Boi, evocou sua infância e como surgiu a ideia de fazer um Bumba Meu Boi composto apenas por mulheres. A representante do Ilê Axé Oyá Bagan, Mirian Santos, usou sua fala para divulgar as ações semanais que agora compõem as atividades do terreiro, com as oficinas culturais e festas tradicionais fruto da parceria com o Rosa dos Ventos.
Tico Magalhães, do grupo Seu Estrelo e regente da Orquestra Alada Trovão da Mata, fez uma reflexão sobre as políticas culturais e a diferença de mercado cultural e cultura popular: “A gente não faz o que faz para ter um produto, para ter uma apresentação. Apresentação é o mínimo, às vezes. O que realmente funciona, o que realmente fortalece é o espaço, são os ensaios, são as oficinas. É engraçado como esses espaços de cultura funcionam o tempo todo, com incentivo ou não, eles resistem. Cada espaço desse está transformando essa cidade. A flor de que a gente mais precisa, é a flor que nasce no nosso próprio jardim. Se você não gosta da sua cidade, não saia dela, transforme-a.” O grupo Orquestra Alada Trovão da Mata encerrou o evento com uma grande apresentação, cheia de cores, percussão, canto e teatro.
O circuito tem duração de 10 meses. Já iniciado em novembro e com encerramento em agosto deste ano, sua primeira ação ocorreu dia 7 de dezembro, com a festa de Oyá, celebração sagrada, no território do Ilê Axé Oyá Bagan, com batuque, dança e muito acarajé. Em 14 de dezembro, ocorreu o Festival São Batuque, no Conic, que foi um encontro de vários grupos culturais de Brasília, São Paulo e Pernambuco.
Já este ano, o primeiro evento do circuito foi a Festa das Águas, na Praça dos Orixás, no dia 2 de fevereiro, em homenagem ao dia de Iemanjá e a Oxum, uma combinação de várias manifestações culturais, agregando os terreiros com cerimônias religiosas, moda, gastronomia, dança e música.
Quanto às ações formativas, várias oficinas e ensaios serão realizadas com profissionais dos diversos territórios, e serão divulgadas com mais detalhes nas redes sociais da Rosa dos Ventos. Em janeiro, ocorreu a oficinas de percussão no Ilê Axé Oyá Bagan entre os dias 19 e 26. (Lisa Veit)
*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco.
» Próximas atrações do Circuito Candango de Culturas Populares
» Mostra Candanga de Cultura, em junho, na Torre de Tv, em parceria com o grupo Pé-de-cerrado. Serão dois dias de festa e encontro cultural com um grupo de carimbó do norte e o Pandeiro-de-Mestre de Pernambuco, além de grupos de Brasília.
» Festival Territórios Sonoros que será a combinação das culturas tradicionais populares com o
Hip-Hop, e ocorre no Guará.
» Festejos tradicionais do Grupo Seu Estrelo: Festa de Abrição do Seu Estrelo, Festa do Fuazeiro e um festejo tradicional após a composição do Bumba Maria Meu Boi, que tem base em Sobradinho. O grupo fará a apresentação, inédita, de um bumba meu boi formado apenas de mulheres.
» Montagem do Bando Matilha Capoeira, um espetáculo que se chama Bê-a-bá do berimbau, feito por crianças do Gama. Eles trabalham o maculelê, dança do facão e capoeira regional.
» O livro do Projeto Seu Estrelo, Calango Voador, também será lançado pelo projeto.
» Ao fim, será lançado um catálogo com a história de todos esses grupos e festivais, além de um filme documentário chamado Terras Diversas.