Recado
“O homem comum fala, o sábio escuta, o tolo discute.”
Adágio oriental
O Oscar pede passagem
Oba! Hoje é a festa do cinema. Atores, atrizes, diretores & cia. disputam a estatueta oferecida pela academia de Hollywood. Ganhá-la é a glória. O Oscar na mão abre portas, multiplica os convites, engorda a conta bancária. Explica-se, assim, a curiosidade pela origem do nome.
Em 1931, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood instituiu prêmio para filmes e profissionais da sétima arte. Como chamá-lo? Enquanto os organizadores buscavam um nome popular, a bibliotecária da instituição olhou pra estatueta e comentou: “Puxa! Como se parece com meu tio Oscar”. Foi assim que o fazendeiro da Califórnia Oscar Pierce virou o objeto de desejo de astros e estrelas da telona.
Por que não?
Há quem ambicione receber a estatueta mais de uma vez. Vale, pois, a questão: Oscar tem plural? Tem. É Oscars.
Sem redundância
Filme baseado em fatos reais? É senhor pleonasmo. Todo fato é real. Basta fato. Se quiser usar o adjetivo, mude o substantivo: filme baseado em história real.
Que preguiça!
Cinema já foi cinematográfico. Imagine a cena:
— Maria, vamos ao cinematrográfico?
Valha-nos, Deus! Não há romantismo que suporte. Melhor apelar para a lei do menor esforço. Ela é tão forte que, ao contrário de muitas leis que não pegam, pegou. A grandona virou cinema, que virou cine. Viva!
Italianinha
A palavra do momento? É quarentena. O Congresso corre pra aprovar o projeto de lei que permitirá a volta dos brasileiros que estão na China, epicentro do coronavírus. Sem lei, não há como obrigar a pessoa a ficar no isolamento. Ao falar no assunto, um fato chama a atenção. Ele tem a ver com a origem do vocábulo.
Quarentena vem do italiano quarantena. A história nasceu há muito tempo. No século 14, a peste bubônica matou mais de um terço da população da Europa. Na época, pouco se sabia sobre a doença. O governo de Veneza, temendo que o mal viesse do mar, determinou que as embarcações ficassem isoladas durante 40 dias antes do desembarque dos passageiros.
Mistério
Por que 40 dias? Ninguém sabe. Mas há palpites. Uns falam na influência da quaresma — período de 40 dias em que os católicos jejuam e fazem penitências. Outros, nos 40 dias que Jesus passou no deserto antes de ser tentado pelo demônio. Há quem lembre o pós-parto, em que a mãe recebia cuidados especiais durante 40 dias.
Além
O nome pegou. Mas o tempo varia. Quarentena, hoje, tem a acepção de isolamento. Os brasileiros que voltarão à pátria se submeterão à quarentena de 18 dias.
Leitor pergunta
Pronto-socorro tem hífen. Pronto atendimento não tem. Por quê?
Tânia Pena, Brasília
Hífen é castigo de Deus. Sem lógica, o jeito é consultar o dicionário. O Aurélio e o Houaiss não registram a duplinha pronto atendimento colada. Eles mandam. Nós obedecemos. Um pedaço fica lá e o outro cá. Sem elo.
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O jornal escreveu: “Em 2019, foram colhidas 96 bilhões de laranjas”. Bobeou, não?
Celina Marques, Porto Alegre
Ops! Tropeçou feio. Milhão, bilhão, trilhão & cia. são machinhos da silva. Eles, em coro, avisam aos navegantes: “Não temos nenhum interesse de mudar de gênero”. Melhor respeitá-los: Em 2019, foram colhidos 96 bilhões de laranjas. Um milhão de reais é muito dinheiro. Dois milhões de pessoas devem comparecer às manifestações. Quantos trilhões de moedas vão entrar em circulação?