O apresentador Pedro Bial fez duras críticas ao documentário brasileiro Democracia em Vertigem. Em entrevista, Bial classifica o filme sobre o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula como "insuportável" e uma "ficção alucinada".
"Eu dei muita risada. É um ‘non sequitur’ (expressão em latim para ‘não se segue’) atrás do outro. Tira conclusão de que algo leva a outro sem a menor relação causal. O filme vai contando as coisas num pé com bunda danado. Uma narração miada, insuportável, ela (Petra) fica chorando o filme inteiro", conta o jornalista.
"É um filme de uma menina dizendo para a mamãe dela que fez tudo direitinho, que ela está ali cumprindo as ordens e a inspiração de mamãe, somos da esquerda, somos bons, não fizemos nada, não temos que fazer autocrítica. Foram os maus do mercado, essa gente feia, homens brancos, que nos machucaram e nos tiraram do poder, porque o PT sempre foi maravilhoso e Lula é incrível", disse.
Para Bial, a narração do filme é "miada" e "insuportável" e a leitura mais interessante do filme é a psicanalítica. Ele ainda comenta: "É mais que maniqueísmo, uma mentira." Apesar das críticas, o apresentador afirmou que o documentário é bem executado e que entende por que foi indicado ao Oscar. "Acho que tem chance de vencer. Depois que vi Indústria Americana, acho que a academia dá o prêmio ao filme brasileiro."
Na entrevista, Bial comentou, ainda, que a própria natureza da posição da classe artística é estar mais exposta, pois, segundo ele, ela é "mais exibida". Por conta da classe estar mais comumente associada à esquerda, ele aponta como um aspecto incômodo desse nicho: "Quando a direita ganha, então a democracia está em risco. Isso é uma interpretação torta da realidade. A democracia existe para que a esquerda, direita e centro se revezem no poder."
Bial disse que não é só a classe artística que tem essa atitude, mas também os movimentos identitários, movimento negro, LGBT%2b, deficientes e o feminista, que "virou em sua maioria no Brasil um feminismo marxista". E complementou: "É uma contradição em termos, não reconheço como feminismo.
O apresentador seguiu tecendo críticas à esquerda atual e sua oposição ao governo Bolsonaro: "É, muitas vezes, infantil. Só falta chamar de chato, feio e bobo e mostrar a língua. As coisas são muito mais graves, sérias e importantes. Fica na base do ‘eu lacro’, ‘tenho razão’. O que interessa é a discussão."
Bial acrescenta, ainda, que o presidente não colabora. "Mas o que o Bolsonaro fala não é nem infantil, é retardado". E comenta que alguns setores do governo têm realizado boas coisas, como a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o ministro da Economia, Paulo Guedes. O apresentador destaca a o trabalho deste último: "um cara muito firme nas propostas, que levam à recuperação lentamente".