Diversão e Arte

Cine Brasília Debate estreia com 'Ainda temos a imensidão da noite'

Longa produzido na cidade ganha debate com equipe após projeção

Correio Braziliense
postado em 30/01/2020 06:30
'A produção toca fundo em questões que todo músico vive no Brasil, em especial em Brasília', explica o diretor brasiliense Gustavo GalvãoNo ano em que a capital do país completa 60 anos, o Cine Brasília inicia as atividades do projeto Cine Brasília Debate com um encontro de ‘Brasílias’. Nas telas, uma sessão especial do longa brasiliense Ainda temos a imensidão da noite, uma história sobre o fazer artístico, seja ele musical ou arquitetônico. Em seguida, haverá um debate com a equipe do filme.

“Brasília vai fazer 60 anos, é muito pouco, ainda há muito a ser construído. Precisamos entender que uma cidade não se constrói só com tijolos e concreto, mas com ideias e atividades. No filme, procuramos mostrar esse aspecto na história contemporânea da capital. Ter espaço para discutir mais cinema e ouvir o público é muito importante”, comenta o brasiliense e diretor do longa Gustavo Galvão.

Ainda temos a imensidão da noite foi selecionado para a 52ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no ano passado, e conquistou os prêmios de melhor fotografia e melhor montagem. Também foi exibido no Cine Esquema Novo, em Porto Alegre, na última Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O longa narra o drama da cantora e trompetista Karen, interpretada por Ayla Gresta, que vê o declínio de sua banda de rock. Aos 27 anos, ela deixa Brasília, cidade que o avô ajudou a construir, para dar vazão à paixão pela música em Berlim, onde o ex-parceiro de banda Artur tenta a sorte. 

O caminho seguido pela artista vai contra muitos amigos que acabam cedendo a empregos na máquina burocrática da capital e desistem da música. “A produção toca fundo em questões que todo músico vive no Brasil, em especial em Brasília. Mas também toca em questões profundas sob a cidade. É um filme sobre o fazer artístico. A cidade foi criada sobre o signo da arte, da vanguarda, mas, ao mesmo tempo, hoje, parece muito distante da vocação original. Então, tentamos resgatar essa conexão da cidade com a sua vocação artística. Quantas possibilidades poderiam ter sido criadas”, comenta o diretor.

Na trama, as locações e a trilha sonora, feita especificamente para o filme, ganham caráter de personagens. A equipe quer dar voz à cidade e estimular que os habitantes tomem as rédeas do próprio destino. Galvão destaca ainda que, apesar da singularidade brasiliense, Ainda temos a imensidão da noite tem um apelo universal. Além de abarcar diferentes fazeres artísticos, desde a exibição, o filme tem dialogado com profissionais de várias áreas. “A gente está falando de sonhos, de expectativas e de coisas que a gente foi abandonando no caminho da vida”, acrescenta.

Rock

Para criar o longa, a troca com os atores/músicos foi essencial e frutífera. “São pessoas que vivenciam a realidade da cidade e não só estavam ali representando um papel. Fizemos a preparação de elenco, mas a parte musical era essencial e eles já tinham”, comenta a corroteirista Cristiane Oliveira. 

Os protagonistas são músicos de verdade e formam uma banda montada especialmente para o filme, chamada Animal Interior. O quarteto liderado por Ayla criou a trilha do longa em parceria com outros dois compositores e as músicas tiveram a produção do guitarrista norte-americano Lee Ranaldo, um dos fundadores da banda de indie rock Sonic Youth.

“Ouvi muito o que eles tinham a dizer e foi um processo criativo muito rico. A música é uma forma de expressão pessoal e na tela dá para perceber que tem uma vibração diferente, que é real. Não queria que fosse uma música fácil, acessível, pop. Queria que fosse única, potente. Sabia que o filme estava muito apoiado nisso e acho que o nosso esforço valeu a pena”, avalia Galvão.

Na sexta-feira, desde o nascimento do projeto até a concretização das questões artísticas e musicais, serão compartilhadas com o público no Cine Brasília após a exibição do longa. Além de Galvão e Cristiane, estarão presentes os atores e músicos Ayla, Gustavo Halfeld e Vanessa Gusmão. “Ficamos muito felizes com o convite e a possibilidade. Lançamos o filme em dezembro e ficamos quatro semanas em cartaz. Sabemos que muita gente queria ter visto, mas não conseguiu. É uma segunda chance. E melhor ainda de poder debater com o público, as trocas são sempre emocionadas”, conta o diretor.

Gerente do Cine Brasília, Rodrigo Torres destaca que o espaço tem missões diferentes de um cinema comercial. Entre elas está justamente a formação de público. “Os debates fazem parte dessa política. Quanto mais os espectadores tiverem acesso à informação sobre o processo criativo dos artistas, os contextos histórico, político e social, mais vão se interessar pelo filme e mais vão ter vontade de ver outros filmes”, avalia.

No ano passado, o projeto realizou 14 debates, fora os desenvolvidos dentro dos festivais. Este ano, o objetivo é promover pelo menos um a cada mês. “Temos um programa de formação de público com crianças e adolescentes em parceria com a Secretaria de Educação mais estruturado e mais antigo. Esse é voltado para o público adulto. Não queremos deixar uma data pré- definida, mas estamos abertos e atentos às produções e às distribuidoras e ao que está acontecendo para estar em sintonia com que o público quer ver e, ao mesmo tempo, trazer cinematografias importantes, relevantes”.

Serviço
Cine Brasília Debate - Ainda temos a imensidão da noite
No Cine Brasília. Sexta-feira, 31 de janeiro, às 20h30 (exibição do filme). Entrada: R$ 12 (inteira)

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