Diversão e Arte

A nova cara da Netflix

Sucesso entre o público jovem, Larissa Manoela assina contrato para três filmes com o streaming


A paranaense Larissa Manoela, 19 anos, é uma sensação entre os mais jovens. Desde cedo, atua em novelas, séries e longas voltados para esse público. Nas redes sociais, ela conta com 28 milhões de seguidores. No currículo, diversos sucessos, como Carrossel (na tevê e no cinema), Cúmplices de um resgate, As aventuras de Poliana, Meus 15 anos — O filme e Fala sério, mãe! — produção que arrecadou R$ 3 milhões entre 2017 e 2018 nos cinemas. Tudo isso tornou a atriz uma referência no mundo infantojuvenil.

“Fico muito feliz em saber que muitas pessoas me vem como essa referência, até porque tenho minhas inspirações também. Não vejo isso como uma pressão. É algo muito positivo para mim. Aprendo muito com meus fãs. Esse é um público muito puro, que tem uma verdade muito grande — que se gosta, gosta, se não gosta, não gosta. Adoro ter esse público presente na minha vida”, avalia Larissa Manoela em entrevista ao Correio.

O sucesso com os jovens e a boa repercussão em torno do filme Cinderela pop, com Maisa Silva e o namorado de Larissa, Léo Cidade, no catálogo da Netflix fez com que a plataforma de streaming abrisse os olhos para a atriz e também para a produção de conteúdo original com foco no público mais jovem. No ano passado, Larissa Manoela assinou um contrato com a plataforma que garante a realização de três filmes originais, um por ano. “Esse convite veio de uma forma muito surpreendente. Eu já era assinante na Netflix, sempre assistia as séries e os filmes. Tive um encontro com o CEO da Netflix por conta do meu namorado e do Cinderela pop ter ido para a Netflix. Minha mãe acabou conversando com ele, que disse ter um interesse muito grande em fazer obras originais comigo”, conta.

As conversas caminharam para a assinatura do contrato em Los Angeles e ampliaram o leque da atriz, que, até então, estava vinculada ao SBT. “Foi algo incrível. Tenho um contrato de três anos com eles, sendo um filme original por ano”, explica. A estreia é com Modo avião, longa-metragem que será lançado no catálogo na quinta-feira, 23 de janeiro. As demais produções — que não têm relação entre si — ainda não tem previsão de lançamento. A segunda já está em fase de gravação.

“Isso dá credibilidade para que os atores brasileiros façam obras originais no próprio país, que serão distribuídas no mundo todo mundo. Faz com que a gente ganhe uma força imensa. É muito especial. Nesse novo momento em que a gente está vivendo é superimportante ter essa comunicação em todos os veículos, tanto na tevê quanto no cinema, no teatro, no próprio streaming, no YouTube... Então, tudo vem para agregar. É uma geração toda que tem muito para produzir”, completa.


Primeiro filme

Dirigido por César Rodriguez (Vai que cola 1 e 2, Minha mãe é uma peça 2 e Uma professora muito maluquinha), Modo avião marca a estreia de Larissa Manoela em um longa-metragem original da Netflix. Ela vive a protagonista Ana, uma digital influencer que, após uma série de batidas de trânsito causadas pelo uso indevido de celular, é impedida pela família de ter acesso ao smartphone e é mandada para a chácara do avô no interior, onde precisa aprender a viver de modo offline — daí o nome do longa.

“O maior desafio foi construir a Ana para que ela fosse a Ana e, não, a Larissa, porque eu também vivo nesse mundo (da internet e de digital influencer). As redes sociais fazem muito parte do meu cotidiano, do meu dia a dia, eu realmente publico, compartilho. É óbvio que, numa construção de um personagem, ele fica diferente do ator. Mas gosto de ter muito essa troca. Gosto de ter coisas da Larissa nas minhas personagens e gosto de trazer coisas delas para a minha vida também”, afirma. “A Ana é uma menina de personalidade. Ela tem uma voz forte, tem uma opinião, e eu sou muito essa pessoa também. Acho que sempre tem um momento ali da trama, da história e da personalidade que se cruzam com a vida real”, completa.

O longa-metragem aborda uma temática bastante atual, como a influência da internet na vida dos mais jovens, que, muitas vezes, trocam a vida de relações reais, por virtuais; e o cotidiano do digital influencer que, para garantir a atenção dos seguidores, precisa explorar situações. No caso do filme, isso é mostrado pelas atitudes que Carola (Katiuscia Canoro), empresária de Ana, faz com que a protagonista tenha que tomar, e também pela relação que a personagem passa a criar com o avô Germano (Erasmo Carlos), quando ela precisa passar uma temporada com ele no interior, longe do celular e da vida digital.

Para retratar essa história, Modo avião bebe de diversos gêneros. Tem o lado cômico, aposta no romance — com os amores na vida de Ana — e ainda passa uma mensagem, levando o filme para uma carga até mais dramática, ao falar das relações humanas, principalmente, familiares. “Acho que o principal de um filme é fazer com que as pessoas se envolvam com a história. Acho que o nosso filme tem isso. É muito importante a gente saber e viver todas as emoções, porque acaba sendo muito mais verdadeiro e atrelado a vida real. É importante ter a emoção, o riso, a dó, a raiva, acho importante ter isso num filme”, avalia a atriz.


Sobre a oportunidade de dividir a tela com Erasmo, ela destaca a troca entre os dois. Ele, pela experiência de vida e artística. Ela, por ajudá-lo na estreia no mundo da atuação. Até então, o Tremendão nunca tinha se aventurado no mundo cinematográfico. “Ele foi um querido comigo desde o primeiro encontro. A gente fez um workshop junto para ele poder se sentir mais seguro, para ficar tranquilo”, lembra. “Ele é o Erasmo, um ícone de uma geração toda, que faz a diferença, que as pessoas escutam, então acho que unir esses dois públicos também foi muito legal. A gente tem um carinho imenso pelo outro. E a gente está quase na relação de avô e neta mesmo”, diz, entre risos.

Inicialmente, Modo avião é uma obra fechada, sem uma continuação. Mas Larissa Manoela não descarta nada. “O que a gente sabe até agora é que não terá uma continuação. Vou fazer mais dois filmes originais da Netflix, que não são uma sequência de Modo avião. Mas acho que seria bacana. A Ana é uma personagem que dá para ir para frente. Vamos ver a aceitação do público. Barraca do beijo (outro original Netflix) ia ter só um e está saindo o dois. Vai depender de como vai ser com o público. Mas vamos torcer!”, finaliza.