Dentro de toda uma elaboração visual, mas com tramas simples, o apelo de Fellini trilhou popularidade de público?
Não, ele não era unanimidade e não obtinha fartas bilheterias. A doce vida foi um sucesso de público, mas a partir do final dos anos 1960 ele começa a ter muita dificuldade para encontrar financiamento para filmar, e suas produções se tornam mais esparsas. Ele filma para a tevê (Os palhaços), com dinheiro de Hollywood (por exemplo, em Casanova)... Seu grande sucesso de público, na fase final da carreira, foi Amarcord (1973).
Fellini era passível de erro? Quais são os títulos menos qualificados?
Sim, os filmes da fase final da carreira de Fellini dividiram bastante a crítica. Embora Satyricon e Casanova sejam hoje considerados obras maiores de Fellini, não foram bem-recebidos na estreia. Entrevista vive um ressurgimento, mas A cidade das mulheres e A voz da lua ainda são, em geral, mal-avaliados.
Na contemporaneidade, onde Fellini faz mais falta?
Fellini faz falta porque é um cinema que prima pela criatividade, pela capacidade de inventar histórias que misturam realidade e ficção, que arregimentam sonhos e fantasias, memórias e nostalgia. Ao mesmo tempo, é um diretor capaz de tecer contundentes críticas à sociedade contemporânea, representada pela tevê e pelo consumismo, onde impera a vida mundana.