Remexer numa envelhecida caixa de brinquedos pode gerar lucros estratosféricos para a indústria de cinema embalada no ritmo dos blockbusters, como comprova Jumanji: Próxima fase, a estreia desta quinta-feira nos cinemas. Por enquanto, o acúmulo de bilheteria (no resto do mundo) está na ordem dos US$ 671 milhões. A nova aventura cômica, que projeta personagens vividos por astros do porte de Dwayne Johnson, Jack Black e da rapper, youtuber e atriz Awkwafina, dá continuidade a um sucesso de US$ 962 milhões: Jumanji: Bem-vindo à selva, que chegou aos cinemas há dois anos. “O filme anterior apresentou um mundo imaginário que era emocionante, mas junto com a aventura, o público encontrou muito sentimento”, demarcou, na divulgação do longa, um dos cinco produtores da fita Hiran Garcia.
Outro dos produtores, Matt Tolmach, comentou do ponto forte do livro em que o longa é baseado, de autoria de Chris Van Allsburg: “o que move tudo é o desafio a sermos a melhor versão de nós mesmos”. O princípio do novo longa segue a cartilha do anterior: uma turma de jogadores bem diversificada ganha avatares de temperamentos e rompantes quase aleatórios, num mundo dos jogos eletrônicos. “O que é realmente legal em Jumanji é que não tem restrições, por se tratar de um videogame”, simplificou, em entrevista no exterior, o astro da fita Dwayne Johnson, que também assina a produção.
A direção do filme está novamente a cargo de Jake Kasdan, que soube redefinir os padrões para uma aventura juvenil estrelada, em 1995, pelo ator e humorista Robin Williams, morto em 2014. Vale lembrar que, no filme de 2018, o jogo que dá nome à produção foi esmagado pelos personagens centrais e permanece sem reparos. Novas regras que resultam num painel mais imprevisível para jogadores e seus respectivos avatares trarão enormes desafios na navegação de Jumanji — ainda que o conforto esteja assegurado apenas para os espectadores. Com o jogo bugado, haverá reajuste nas locações que ganham proporções épicas, extrapolando o terreno da selva, explorado no longa original. As novas dimensões da ação garantem a disputa em meio a montanhas, desfiladeiros e dunas escaldantes.
Mais experiente, o quarteto de protagonistas do primeiro filme cresceu: não são mais adolescentes, e cursam faculdades distintas; até que uma reunião, durante o período de férias em Bratford (New Hampshire), reativará o caráter juvenil de todos. Sai o modo de segurança de uma vidinha mais ou menos, e entra uma velocidade de ação desmedida. Spencer (Alex Wolff), morador de Nova York, talvez seja o mais modificado, se comparado ao passado. Meio distanciado da atração por Martha (Morgan Turner), ele convive com um parente rabugento, o vovô Eddie, personagem a cargo do veterano Danny DeVito.
Resgate perigoso
Outro ator experiente que promete reforçar o elenco é Danny Glover, que interpreta Milo. Na trama, Spencer destoa dos amigos, com um espírito inquieto que impulsiona ele a reativar o jogo Jumanji. Caberá a Martha, Fridge (Ser´Darius Blain) e Bethany (Madison Iseman) organizar um resgate do amigo. Bravura coragem e o entendimento dos limites de cada um, segundo Awkwafina (a atriz que interpreta a misteriosa avatar Ming) encerram “conceitos universais”, daí a popularidade do longa-metragem, na visão dela.
O número de personagens parece vir em escala geométrica, em Jumanji, que traz nomes como os dos atores Kevin Hart, à frente do zoólogo Mouse Finbar, e Nick Jonas, que abraça o personagem Seaplane, um piloto que teve papel decisivo no desfecho do longa de 2018. Um dos grandes baratos que o público encontra em Jumanji é saber que personagem servirá de avatar para qual intérprete. Dwayne Johnson, na pele do arqueólogo e doutor Smolder Bravestone — como anunciado — servirá como avatar para o mal-humorado vovô Eddie.
Vestido do personagem Oberon, especialista em cartografia e paleontologia, o pouco atlético ator Jack Black servirá — dado o contraste dos seus quilos-extras — explicou que a ideia é tirar do sério o esbelto Fridge (de quem é avatar). Outra personagem que será bem distinta do primeiro longa será Bethany, que larga o excesso de egocentrismo para apostar no inesperado filão da caridade. Martha, vista como a eterna estudiosa sem o menor traquejo social, assumirá uma postura de liderança tendo por avatar a esperta combatente (e especialista em artes marciais) Ruby, personagem desenvolvido pela escocesa Karen Gillian (de Guardiões das galáxias).
Outras estreias
O escândalo
• Com uma trama embalada pela vida real, o longa assinado por Jay Roach (de fitas como Trumbo — Lista negra e Entrando numa fria), relata episódios que macularam o alcance do canal Fox News, criado em 1996 pelo magnata Roger Ailes (papel de John Lithgow). O roteiro de Charles Randolph (do badalado filme A grande aposta) mostra o abalar das bases de um verdadeiro império noticioso.
Os miseráveis
• Filme selecionado entre os finalistas do Oscar, na categoria de melhor produção estrangeira, com direção de Ladj Ly, teve como ponto de partida o embate entre povo e polícia ocorridos nas ruas francesas, em 2005. Um jovem integra o Esquadrão Anti-Crime de Montfermeil, ao lado de colegas mais experientes. No choque com uma gangue, há excessos na ação. O filme obteve o Prêmio do Júri (no Festival de Cannes), empatado com o brasileiro Bacurau.
Synonymes
• Outro longa premiado que chega ao circuito de Brasília, o filme foi reconhecido com o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Sob uma coprodução estabelecida entre França, Israel e Alemanha, o diretor Nadav Lapid registrou a ficcional vida de Yoav que, numa quebra de identidade, deixa a convulsiva realidade em Israel, a fim de ter tranquilidade em Paris. Está munido de dicionário e quer apagar o passado dele.