Chega o fim do ano e começam a surgir as retrospectivas do que fez parte ou não das playlists e plataformas digitais. Além das músicas e dos artistas mais tocados, é possível explorar o que rolou na música em 2019 e pontuar alguns destaques. No ano em que completou 30 anos, o funk se reinventou e assumiu um lugar de protagonismo.
Dos bailes cariocas, com paredões de som, o chamado ;ritmo louco; do funk 150 BPM ; batidas por minuto ; se tornou ritmo obrigatório nas festas. A nova vertente do estilo musical expandiu o alcance e trouxe com ela uma geração de artistas. Kevin O Chris, FP do Trem Bala, Iasmin Turbininha e Byano são alguns dos nomes por trás das picapes que colocaram a batida em destaque. O sucesso teve, inclusive, repercussão internacional. O funkeiro Kevin O Chris lançou um remix do hit Ela é do tipo com participação do rapper canadense Drake.
Para o ano que vem, tudo indica que o movimento do funk 150 BPM vai continuar. Rennan da Penha, uma das principais referências no estilo, anunciou a gravação do primeiro DVD. O projeto contará com a participação de alguns nomes da música nacional. Entre os confirmados, estão Livinho, Kekel, Pocah, Turma do Pagode, Cabelinho, Orochi, Maneirinho, MC TH, Juninho 22 e Thiaguinho MT. O DJ também foi convidado pela funkeira Ludmilla para produzir a música da brasileira com a rapper norte-americana Cardi B.
O ritmo também fundiu elementos com o brega, conhecido no Nordeste, e gerou o brega-funk. O que começou de uma brincadeira, com a gravação do hit Envolvimento por Loma e as Gêmeas, tem conquistado cada vez mais espaço na música. Vários artistas fora do cenário musical nordestino gravaram músicas tendo o brega-funk como estilo principal.
Entre eles, o Correio destacou, em novembro deste ano, a funkeira Tati Zaqui. Junto com o carioca OIK e o pernambucano Dadá Boladão, ela gravou a música Surtada, que atingiu o 1; lugar entre as músicas mais escutadas no Brasil pelo Spotify. Outra canção que figurou entre as mais tocadas do ano no estilo foi Hit contagiante, do cantor Felipe Original em parceria com o funkeiro Kevin o Chris.
Para 2020, novos hits vão surgir apostando na mistura do brega com o funk e usando a dança característica do estilo ; movimento conjunto de braços e pés ; como maior ferramenta de promoção. Ainda dentro das batidas do gênero, Gabriel Henrique Nogueira Goulart Costa, conhecido como DJ GBR, começa a aparecer nos holofotes. De São José dos Campos, interior de São Paulo, o jovem tem feito sucesso em todo o Brasil com um novo estilo de funk, que ele denomina por Rave Funk. Uma das atrações confirmadas do festival Viva, que começa em 18 de janeiro, traz elementos do eletrônico para o gênero.
Latinidade
O Brasil levou um tempo para abraçar sua latinidade, contudo, nos últimos cinco anos o país assumiu de vez a conexão com a América Latina, consumindo produtos em espanhol. Entram na lista filmes, séries, artistas e, principalmente, músicas. A funkeira Anitta se tornou uma das grandes partidárias da união, mas outros músicos brasileiros apostaram na mistura latina seja bebendo em fontes do reggaeton, seja da bachata.
Entre os exemplos estão o rapper Emicida, que gravou Libre com o duo franco-cubano Ibeyi para o novo álbum, AmarElo, e o Projota, que lançou Qué pasa em parceria com os cubanos Orishas e o mexicano Mario Bautista. Entretanto, foi o sertanejo o gênero que mais ultrapassou as barreiras geográficas e resgatou as influências do híbrido do bolero para compor novos arranjos e melodias. ;Está mais do que provado para todo mundo que conseguimos implementar a bachata no sertanejo, colocar elementos que até então não existiam, mais musicalidade, e, com certeza, a bachata é uma realidade;, afirmou o cantor Gusttavo Lima no lançamento do mais recente trabalho, O Embaixador in Cariri.
Nas 17 músicas que compõem o repertório, de maneira mais evidente ou não, o ritmo dominicano está presente. A dupla Henrique e Juliano e o sertanejo Gustavo Mioto também se aproveitaram da aproximação.
Surgido na década de 1950, o pop se reinventa a cada ano e ocupa seu espaço cativo nas playlists. No Brasil, Anitta, Ludmilla, Gloria Groove, Iza e Pabllo Vittar mostraram a potência brasileira no gênero. Com projetos solos ou em parcerias e com produções em moldes internacionais, essas artistas figuraram entre as músicas mais ouvidas nas plataformas digitais. Atração de festivais da cidade, Iza lançou quatro faixas novas este ano, entre elas, Evapora que marcou o primeiro feito internacional da carioca ao lado de Ciara and Major Lazer.
No gênero, também teve espaço para artistas com um som mais leve. No novo projeto Brasileirinhas, Anitta gravou com dois nomes da cena, Vitão e Melim. O cantor Tiago Iorc, que passou um tempo afastado dos palcos, retomou a turnê de shows e lançou o álbum Reconstrução. A adolescente Agnes Nunes, de apenas 17 anos, tem conquistado espaço e é um dos nomes para ficar de olho no ano que vem.
No âmbito internacional, dividindo espaço com nomes como Beyoncé e Adele, novos artistas começaram a aparecer no mercado e estão conquistando espaço entre o público brasileiro. Em novembro, o Diversão & Arte apresentou alguns deles. A maioria aposta em um mix de gêneros, bebendo da fonte da música eletrônica. Também há espaço para rap e sons mais acústicos. Com apenas 17 anos, Billie Eilish tem sido lembrada nos principais prêmios de música e figurado no topo das paradas mundiais.
A música mais popular da artista é Bad guy, que integra o disco When we all fall asleep, Where do we go?, lançado neste ano com 14 músicas inéditas e autorais. O rapper Lil Nas X também ganhou destaque com o hit Old town road. A música superou Despacito, de Luís Fonsi, e One sweet day, de Mariah Carey, ao ficar 17 semanas consecutivas no primeiro lugar da parada Hot 100, ranking das faixas mais ouvidas nos Estados Unidos.
Retorno
Além de lançamentos e sucessos novos, 2019 também foi o ano da nostalgia musical. Depois de 30 anos separados, os irmãos Sandy e Junior decidiram resgatar os grandes sucessos para comemorar os 30 anos de carreira. Entre os principais retornos do ano, a turnê Nossa História movimentou e marcou o cenário musical. Não à toa, os shows, que percorreram cidades do Brasil e do exterior, tiveram a segunda maior bilheteria por apresentação em 2019. A informação é da empresa Pollstar, especializada no mercado de shows.
A cantora Kelly Key também anunciou o retorno à carreira musical após quatro anos de afastamento. A volta foi marcada pelo lançamento do clipe de Aumenta o som. No âmbito internacional, algumas notícias deixaram os fãs ansiosos para 2020. Entre eles, estão as bandas Jonas Brothers, McFly, My Chemical Romance e Pussycat Dolls. Mais recente, Anahí, Christian Chávez, Maite Perroni, Alfonso Herrera, Dulce Maria e Christian von Uckermann, integrantes do grupo mexicano Rebelde, postaram uma foto relembrando os 11 anos da separação. O público logo vislumbrou um revival.
No ano que vem, um estilo de projeto musical que começou a figurar, principalmente, no sertanejo vai ganhar reforço. Depois do sucesso do trabalho Buteco, Gusttavo Lima decidiu transformar o show em uma reunião de músicos sertanejos. A agenda do evento já está preenchida até o final de 2020. Na mesma linha, a dupla Matheus e Kauan lançou o selo O santo bateu, nome homônimo a um grande hit dos dois. A ideia é a mesma: reunir música e diversão.
Brasília espera receber também o projeto Encontro, uma parceria entre Léo Santana, Harmonia do Samba e Parangolé. Com exclusividade à coluna HIT, Léo adiantou que a cidade será a terceira a receber o show ; com data e local ainda a serem revelados. ;O Encontro é um projeto que a gente fez em Salvador. As três bandas juntas em um palco só. Brasília será a terceira capital. Então, aguardem. Temos um público muito grande aqui. Tenho certeza que será uma explosão;, afirmou.
Colaborou Adriana Izel