As características do teatro são o ponto-chave para entender a maneira como é conduzida a trilogia Minha mãe é uma peça, especialmente por causa da proximidade dos personagens com o público. A produção brasileira, inspirada no espetáculo teatral homônimo, conta mais uma vez com Paulo Gustavo à frente do longa, interpretando a personagem Dona Hermínia e sendo o expoente técnico do elenco.
Com mais de R$ 170 milhões em bilheteria e 13 milhões de espectadores nos dois filmes passados, Minha mãe é uma peça 3 surge sem muitas revoluções no enredo. Segue o padrão da franquia, com uma mulher controladora, apaixonada pelos filhos (e pelo neto) e divorciada. No elenco, Mariana Xavier continua no papel da filha Marcelina e o ascendente Rodrigo Pandolfo se torna Juliano, filho de Dona Hermínia. A atriz e o ator, com papéis centrais no longa, entram no mesmo ritmo de Paulo Gustavo, que incorpora todo o protagonismo e eleva a atuação dos outros atores.
Desta vez, no entanto, a intensidade da personagem principal é refletida em uma vida monótona. Lidando com a saída dos filhos de casa, precisa buscar por novas aventuras para movimentar o cotidiano e sair do marasmo em que se encontra. Nesse ponto, o filme acerta ao representar uma classe mais velha da sociedade que tem a necessidade de continuar se sentindo vivo, mostrando que é possível ter uma vida ativa mesmo com uma idade avançada.
A questão do humor, como em todo bom filme de comédia, se apresenta de forma inteligente e leve, no mesmo formato das produções passadas. Interessante é perceber como os diálogos se atualizam de forma moderna dentro do longa. Temáticas como a homofobia, as relações familiares, questões trabalhistas e a gravidez se apresentam dentro do roteiro que conta com ótimas piadas. De forma histérica e pouco controlada, Dona Hermínia expressa os pensamentos sem muita preocupação com a reação das pessoas ; e sempre com uma tréplica na ponta da língua.
Ponto interessante no longa dirigido por Susana Garcia é a presença de personagens secundários que exercem papéis fundamentais para o proceder da trama ; que gira sempre em torno de Hermínia. Os personagens Carlos Alberto (Herson Capri) e Waldeia (Samantha Schmütz) trazem, ao contracenar com Paulo Gustavo, um pouco de lucidez para a estrela do filme. Lúcia Helena (Patricya Travassos, que faz as vezes de uma parente próxima) e Dona Lourdes (papel de Malu Valle, na pele da futura sogra de Juliano), por outro lado, despertam todo o estresse possível na personagem principal.
Para não dizer que apenas a comédia está presente ; mesmo sendo o ponto principal do filme ;, cenas de transição e flashbacks conseguem trazer um pouco de emoção em alguns momentos para quebrar as constantes risadas.
Assim como no teatro, os três filmes de Minha mãe é uma peça trazem a sensação de três temporadas nos palcos que podem se renovar a qualquer momento, fazendo com que novas produções apareçam. O enredo de Minha mãe é uma peça 3, firme e conciso no ideal, conta com algumas cenas perdidas e certa previsibilidade, mas cumpre o papel de divertir o público e arrancar gargalhadas nos cinemas.
*Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira
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