Paulo Miklos tem uma relação bem próxima com Brasília. O cantor paulistano tem vindo à capital desde quando os Titãs estiveram aqui pela primeira vez, em 1986, com o show da turnê Cabeça Dinossauro, apresentado no Clube do Servidor. Depois, como vocalista da banda, voltou à cidade incontáveis vezes, ocupando palcos em diversos locais ; do Ginásio Nilson Nelson à Esplanada dos Ministérios.
Em carreira solo, ele retornou à cidade sábado último e cantou na recém-inaugurada casa noturna Blitz (no Clube da Asceb), na 904 Sul; e disse ao Correio que se sente íntimo do público brasiliense, ;que sempre recebeu os Titãs e a mim com muito carinho e entusiasmo, sentimento que compartilhamos em todos os locais onde nos apresentamos;.
Tem mais: Miklos, que também é um ator premiado, fez questão de destacar a participação vitoriosa em duas edições do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, das quais saiu levando para casa troféus Candangos, sob aplausos da plateia. ;Trata-se de um festival em que tem como marca registrada filmes com temática político-social, algo que me agrada bastante;.
Aos 60 anos, o artista de ascendência húngara, foi, em 1982, um dos fundadores dos Titãs, ao lado de Arnaldo Antunes, Nando Reis, Charles Gavin, Marcelo Fromer ; já falecido ; Branco Melo, Sérgio Dias e Tony Belloto. Os três últimos são os únicos que se mantiveram na banda. Os demais, em diferentes momentos, partiram para projetos individuais.
[SAIBAMAIS] Mesmo antes de deixar o grupo, Miklos já havia lançado dois discos solo: o primeiro, que leva seu nome, em 1994, e o segundo, Vou ser feliz e já volto, de 2001. À época, afirmou: ;Eu talvez estivesse no auge do momento escape de tudo e de todos os artifícios possíveis para viver uma realidade paralela, explorando as portas de percepção escancaradas;.
Parceiros
Logo depois de sair dos Titãs, em 2016, Miklos deu início ao processo de criação do terceiro disco, com produção de Pupilo (ex-Nação Zumbi) e direção musical de Marcus Preto. O álbum viria a se chamar A gente mora no agora. Lançado um ano depois, traz no repertório músicas que compôs com parceiros de diferentes gerações, entre os quais Erasmo Carlos (País elétrico), Arnaldo Antunes (Deixar de ser alguém), Guilherme Arantes (Estou pronto), Emicida (A lei desse troço) Russo Passapusso (Vigia) e Tim Bernardes (Samba bomba).
O cantor gravou também Vou te encontrar, de Nando Reis, que fez parte da trilha sonora da novela O outro lado do paraíso, de Walcir Carrasco. Ainda na televisão e, mais recentemente, ele exercitou sua faceta de ator, ao dar vida a Jurandir, um religioso fervoroso, na novela O Sétimo Guardião, de Agnaldo Silva, que esteve no ar, na TV Globo, entre novembro de 2018 e maio deste ano.
;Venho atuando como ator desde 2001. Por duas vezes participei do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Na primeira, em 2001, recebi o prêmio Candango por minha atuação no filme O Invasor, de Beto Brant; e na segunda, em 2009, fui premiado como melhor ator, pelo trabalho em É proibido fumar, de Ana Muylaert;, lembra. ;No Festival de Gramado, deste ano, também conquistei o troféu Quiquito de melhor ator, pela performance em O homem cordial, do brasiliense Iberê Carvalho, o que fortalece minha relação com Brasília; acrescenta.
Sempre atento ao que ocorre no Brasil, na área político-social e, claro, da cultural, Paulo Miklos indigna-se com o que ele classifica de perseguição ideológica a projetos culturais em andamento no país. ;É um despropósito o que temos observado. Em vez de política de estado, pratica-se política de governo com a intenção de destruir a pluralidade de pensamento;, afirma.