Recado
;A língua fala por si.;
Gilberto Gil
Na boca do povo
A notícia correu o Brasil de norte a sul, de leste a oeste. A manchete: ;Reprovação à gestão Bolsonaro estanca;. Mas o que chamou a atenção foi outro assunto ; a aprovação do ministro Sérgio Moro. Jornais, rádios e tevês se dividiram. Uns falavam em ;mais bem avaliado;. Outros, em ;melhor avaliado;. E daí?
Acredite. A confusão vem de longe. Professores, quando ensinam melhor e pior, dizem que as formas mais bem e mais mal não existem. É meia verdade. Mas os mestres se esquecem de falar na outra metade. Trata-se do particípio ; os verbos terminados em -ado e ;ido: amado, vendido, partido.
Antes dessa forma verbal, mais bem e mais mal pedem passagem: Na pesquisa, Sérgio Moro foi o ministro mais bem avaliado do governo Bolsonaro. As francesas são as mulheres mais bem vestidas da Europa. A redação mais bem escrita tira a nota máxima.
Ricardo Salles, do Meio Ambiente, foi o ministro mais mal avaliado do governo Bolsonaro. A redação mais mal redigida tira a nota mínima.
Melhor e pior
Não se trata de particípio? Relaxe. O melhor e o pior deitam e rolam sem concorrência: Paulo come melhor do que Maria. Saiu-se melhor na prova final do que nos testes parciais. Foi o pior aluno da turma, mas apresentou o melhor trabalho.
Rússia de fora
Que pena! Atletas russos caíram no teste antidoping. Condenação: quadro anos de banimento das grandes disputas internacionais como Copa do Mundo e Olimpíadas. A sentença trouxe ao cartaz o verbo banir. Olho vivíssimo, moçada.
Banir joga no time dos pra lá de preguiçosos. Defectivo, não tem a primeira pessoa do singular do presente do indicativo (eu bano) nem o filhote dela, o presente do subjuntivo (que eu bana, tu banas, ele bana). O boa-vida só se conjuga nas formas em que o n é seguido de e ou i: bane, banes, banimos, banem, bani, baniu, banimos, baniram; bania, bania, baníamos, baniam; banirei, banirás, banirá, baniremos, banirão; banisse, banisse, baníssemos, banissem; banindo, banido. E por aí vai.
Reação
A Rússia reagiu. Disse que se tratava de russofobia. Que bicho é esse? É este: horror aos russos.
Fobia aparece em muitos compostos. Em todos, mantém o significado ; horror, pavor, aversão, medo: hidrofobia (horror à água), xenofobia (aversão a estrangeiro), claustrofobia (pavor a lugares fechados), hemofobia (pavor a sangue).
É assim
Antidoping se escreve assim ; tudo coladinho. Por quê? O prefixo anti- só pede hífen quando seguido de h ou i. No mais, nada de separação: anti-herói, anti-histórico, anti-inflamatório, antiestresse, antiargentino.
Leitor pergunta
Para mais informações ou para maiores informações?
Célia Maria, Planaltina
Vamos combinar? Informações não se medem por metro.
Adicionam-se: mais informações, mais detalhes, mais comentários.