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MAX 2019: Estratégia da Netflix no Brasil é buscar tramas com força local

A diretora de produções internacionais da Netflix, Maria Angela de Jesus, falou durante o evento MAX 2019 sobre as estratégias do serviço no mercado brasileiro

Adriana Izel - Enviada especial
postado em 28/11/2019 12:10
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Belo Horizonte ; A quarta edição do Minas Gerais Audiovisual ; MAX 2019 começou, nesta quinta-feira (28/11), com o showcase intitulado "Conversa com a Netflix", em que a diretora de produções internacionais da plataforma de streaming no Brasil, Maria Angela de Jesus, falou sobre as estratégias do serviço no mercado brasileiro.

"A gente busca histórias com força local". Foi assim que Maria Angela de Jesus deu início ao bate-papo ao explicar o que a plataforma busca nas produções brasileiras. Ela chegou a citar o sucesso de duas séries originais: a ficção científica 3%, primeiro seriado nacional a estrear na Netflix, e Sintonia. A primeira teve uma boa inserção no mercado internacional, se tornando a série de língua não inglesa mais assistida nos Estados Unidos ; pelo menos até o lançamento da espanhola La casa de papel. Enquanto a segunda teve uma boa repercussão, principalmente, no Brasil.

De acordo com Maria Angela de Jesus, a força da produção local pode ser comprovada com dados: desde 2015, quando a Netflix lançou a primeira produção brasileira, até agora, a plataforma gerou 40 mil empregos diretos e indiretos no audiovisual do país. Desde a terceira temporada de 3% neste ano, o serviço também lançou um programa de capacitação, em que participam jovens periféricos, negros, mulheres e pessoas trans. "A gente quer dar mais acesso a quem não tem muito no audiovisual", avalia.

A diretora fez questão de destacar o trabalho da plataforma com produtoras independentes para gerar conteúdos locais, que acontece de várias formas, entre elas, nos pitchings em eventos como o MAX 2019 e o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro ; em que o serviço participou no 3; Ambiente de Mercado. Maria Angela de Jesus também explicou que há um outro formato de parceria com a Netflix: o licenciamento, caso dos lançamentos de Cinderela pop e La casa de papel, dois grandes hits do serviço.

Num ano com grandes lançamentos brasileiros, a Netflix ainda tem mais. Em dezembro, chega ao serviço a segunda temporada de O escolhido, série gravada no Tocantins. Em janeiro, a plataforma divulga mais uma produção do showrunner Pedro Aguilera (3%), Onisciente. Maria Angela de Jesus também anunciou a segunda temporada de Coisa mais linda e Reality-Z, primeiro terror brasileiro, para o calendário de 2020. "Além de séries de ficção, produzimos stand-ups, realitys, docr-ealitys e animações", anuncia.

Cinema e concorrência

Questionada se os algoritmos são ponto de partida para o serviço, Maria Angela afirmou que não e ressaltou a busca da Netflix é por boas histórias. "Os dados servem para indicar as preferências, mas não são determinantes", revela. A diretora de produções internacionais ainda entrou em dois assuntos polêmicos que sempre permeiam as discussões do streaming: o cinema e a concorrência.

Para ela, a Netflix construiu uma boa relação com a sétima arte, a exemplo dos lançamentos de Roma, filme vencedor do Oscar de Alfonso Cuáron, e O irlandês, de Martin Scorsese. "O cinema está aí, só muda a forma de exibição. É cinema na sua estrutura e na sua narrativa. O cinema é feito de história, a tecnologia nos ajuda a ter recursos. O que a gente faz é aprimorar e levar para mais pessoas para o mundo", defende.

Maria Angela Jesus ainda citou o longa-metragem Dois papas, de Fernando Meirelles, outra estreia da plataforma, e é mais um exemplo de aproximação da Netflix com o mercado cinematográfico. O filme será lançado em algumas salas tradicionais, além do catálogo do serviço. A diretora ainda citou a compra feita pela Netflix de um cinema, até então abandonado, em Nova York.

Já sobre a concorrência com outros streamings, destacando as chegadas do Amazon Prime Vídeo e Apple TV%2b no Brasil, o iminente lançamento do Disney e o desenvolvimento do Globoplay, a diretora disse ser algo esperado pela Netflix. "A gente sempre soube que a concorrência era inerente. A maneira como a gente pode encarar é produzindo bons conteúdos e estando próximo dos assinantes e nos mais diferentes locais do mundo. Com esse crescimento de players quem ganha são os consumidores e os produtores", define.

*A repórter viajou a convite da MAX 2019

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