O segundo dia de 52; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começou a todo vapor. Na tarde deste sábado (23/11), o documentário Cine Marrocos (2018), de Ricardo Calil, abriu as sessões da Mostra Vozes no Cine Brasília. Antes da exibição, o diretor subiu ao palco para conversar com o público. ;É uma felicidade estar aqui (no festival). Esse filme é muito especial. Foi uma transição para mim;, destacou.
A obra conta a história do Cine Marrocos. Sediado em São Paulo, o local foi um dos maiores cinemas nacionais: em 1954, deu lugar ao primeiro festival internacional de cinema no país. Décadas depois, estava abandonado. Ficou assim até 2013, quando grupos de pessoas sem-teto, LGBT, imigrantes latino-americanos e refugiados africanos passaram a viver no imóvel, naquela que chegou a ser considerada a segunda maior ocupação do país.
A trama, então, é contada dentro da sala de cinema. Película sobre película, sobreposição de olhares sobre a cena. Os personagens apresentados são pessoas reais, mas, na tela, a realidade acaba por se confundir e se misturar com a ficção. Se a trajetória da ocupação é retratada a partir de quem são e como vivem os moradores, eles também passam a interpretar clássicos do cinema, numa releitura em que bebem das fontes da próprias histórias de vida para compor os personagens.
É assim que Cine Marrocos mescla depoimentos dos ocupantes, registros dos ensaios, trechos de telejornais e cenas de filmes. Ao final da sessão, a obra, exibida gratuitamente, foi bastante aplaudida pelo público, impactado pelas cenas e depoimentos. ;No começo, eu não estava entendendo bem (a trama), porque eles estavam apresentando os personagens. Depois, eu vi que, na verdade, tudo o que faziam em relação a eles conversa com os papéis que eles iriam criar;, destaca a estudante de audiovisual Paula Hong.
Com roteiro e direção de Ricardo Calil, a obra, em coprodução com Olha Só, Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil, foi lançada no ano passado e venceu o festival de documentários É tudo verdade, em abril. ;É muito interessante a abordagem do filme. A gente viu o número de casas que foram fechadas em São Paulo e que, realmente, as pessoas tenham a observação sobre o que veem de um edifício abandonado;, acrescenta o gerente de compras Rodolpho de Souza.
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O 52; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começou na noite desta sexta-feira (2211) e vai até 1; de dezembro, em diversos pontos do Distrito Federal. A programação conta com sessões de filmes (gratuitas e pagas), oficinas e rodadas de negócios, entre outros. Sobre o evento, Paula, que compareceu às duas edições anteriores, conta que ;espera por filmes que deem esperanças ao cinema brasileiro;.
*Estagiária sob supervisão de Nahima Maciel