tudo é silêncio
e as horas dos dias são portos
para o imenso nada
eu os vejo de longe
e nunca estou
mas sempre estou nas ondas
carregadas de tristeza
no alarido das segundas-feiras
à beira dos fracassos
no passo antes do abismo
nas crises que nunca chegam
e, entretanto, se anunciam demais
nada peço
ou espero
nada
porque tudo aí está
dado, consumado
e o estrago dói mais se o recusar
lembro a alegria das
tardes sem calor
e entendo:
eu só estou na dor
e só
Alexandre de Paula