Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Do clássico ao popular

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Com quase 50 anos de música, o compositor e instrumentista Ney Rosauro viveu experiências diversas. Fundador da Margem, a primeira banda de rock autoral de Brasília, integrou a formação original da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, e esteve radicado nos Estados Unidos nas duas últimas décadas, onde foi professor de percussão na University of Miami.

No ano passado, Rosauro voltou a morar na cidade e tomou gosto por tradicionais ritmos brasileiros ao participar de rodas de choro e samba tocando cavaquinho. Reconhecido como uma das expressões máximas da marimba e do vibrafone no país e no exterior, esse músico carioca-brasiliense está se reinventando.

Hoje, às 21h, empunhando o cavaquinho, ele faz show no Espaço Cultural do Choro. Acompanhado por Oswaldo Amorim (contrabaixo), Renato Braza (bateria) e Francisco Abreu (marimba e vibrafone), ele interpreta clássicos da obra dos mestres Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Tom Jobim e Djavan.

;O retorno a Brasília em 2018 me levou a prestar atenção no que está sendo feito aqui musicalmente. Embora tenha tomado parte em concertos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, tocando marimba e vibrafone, me encantei pelo choro e o samba, ao assistir apresentações no Clube do Choro e participar de duas rodas na 208 Sul e no Sudoeste;, conta Rosauro.

Cavaquinho

Para ele, que teve na guitarra seu primeiro instrumento, não houve dificuldade para adaptar-se ao cavaquinho. ;Para quem é músico há tanto tempo, o cavaquinho é mais um instrumento de corda, embora tenha suas peculiaridades. Como o tenho utilizado bastante nas rodas de choro, a assimilação foi rápida. No show, tocarei também a marimba e o vibrafone, ao lado dos músicos talentosos com quem vou dividir o palco;, comenta. ;Um deles, o Renato Braza é brasiliense e morou durante 20 anos nos Estados Unidos. Ele é baterista da banda de Diane Warwic e agora vive no Rio de Janeiro;, ressalta.
Rosauro participou ativamente da vida artística da capital nos anos 1970. ;Havia uma efervescência cultural na época. Éramos jovens e queríamos participar de tudo. A banda Margem, pioneira rock em Brasília, contava também com Almiro Pena, Sérgio Boré, Nanche Las Casas, Tonicésar Badu e Aninha Chaves, todos amigos e vizinhos na 206 Sul;, lembra. ;Fui diretor musical da primeira montagem de Os Saltibancos, peça dirigida por Hugo Rodas, e criador do curso de percussão sinfônica da Escola de Música;, acrescenta.

Quando ainda morava no Rio de Janeiro, o multi-instrumentista estudou percussão sinfônica com o professor Luiz Anunciação da Orquestra Sinfônica Brasileira. Entre 1980 e 1982, fez cursos de especialização em percussão e pedagogia musical na Hochschule für Music Würzburg, na Alemanha, com o professor Siegfried Fink; em 1987, completou o mestrado na mesma escola. Naquele ano, foi contratado para coordenar os estudos de percussão na Universidade Federal de Santa Maria, e ali ficou até 2000.

;Escrevi mais de 100 obras e métodos didáticos para instrumentos de percussão. Algumas foram gravadas em CD e vídeo pela London Symphony Orchestra. O Concerto para Marimba e Orquestra é muito popular mundialmente e foi tocado por mais de 3 mil orquestras nos cinco continentes;, relata Rosauro. ;Como pedagogo e solista, tenho ministrado cursos, participado de festivais de percussão e me apresentado em concerto solo e com orquestra em mais de 45 países;, complementa.


Ney Rosauro e Amigos
Show hoje, às 21h, no Espaço
Cultural do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centrode Convenções
Ulysses Guimarães). Ingresos: R$ 40 e R$ 20 (meia entrada). Não recomenddo para menores de 14 anos. Informações: 3324-0599.