Nahima Maciel
postado em 02/11/2019 06:01
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A trajetória de Thiago Soares começa na dança de rua, uma prática que acabou por levá-lo ao Royal Ballet, de Londres. Aos 9 anos, o menino carioca já dançava na rua e frequentava escolas de dança, mas foi aos 15 que descobriu o balé clássico e começou a treinar. ;Quando conheci o balé, descobri que havia ali algo que poderia ser meu, algo que eu pudesse exercer sem que tirassem de mim. Um propósito. Eu senti que estava aqui para dançar;, conta. Esse caminho de descoberta das possibilidades do corpo está contado em Roots, fruto de um encontro com o diretor Ugo Alexandre e criado com a intenção de narrar a trajetória do bailarino. Em cena, Soares divide o palco com Danilo d;Alma, coreógrafo cujo foco é o hip-hop, e as danças de rua e a contemporâneas.
A trajetória de Thiago Soares começa na dança de rua, uma prática que acabou por levá-lo ao Royal Ballet, de Londres. Aos 9 anos, o menino carioca já dançava na rua e frequentava escolas de dança, mas foi aos 15 que descobriu o balé clássico e começou a treinar. ;Quando conheci o balé, descobri que havia ali algo que poderia ser meu, algo que eu pudesse exercer sem que tirassem de mim. Um propósito. Eu senti que estava aqui para dançar;, conta. Esse caminho de descoberta das possibilidades do corpo está contado em Roots, fruto de um encontro com o diretor Ugo Alexandre e criado com a intenção de narrar a trajetória do bailarino. Em cena, Soares divide o palco com Danilo d;Alma, coreógrafo cujo foco é o hip-hop, e as danças de rua e a contemporâneas.
Em cena, Alma e Soares dançam uma história cheia de desafios e persistência. ;No palco, você vê os dois estilos separados e, aos poucos, eles dialogam, discutem, têm interferências até entrar em sintonia. No final, voltam cada um ao seu lugar;, explica Soares. Além de Ugo Alexandre na direção, Roots tem Miguel Colker na produção. São dois parceiros que acompanham a carreira de Soares há muitos anos, desde antes de entrar para o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, aos 17 anos.
Alma, que trabalhou com Alexandre na companhia Grupo de rua, foi uma escolha que pareceu óbvia. ;Ugo me indicou, e Miguel também, por saberem que estou sempre transitando entre a dança urbana e a contemporânea. Essa conexão entre o clássico e o urbano tem um valor. E o próprio Thiago começou na dança de rua para depois de ir para o balé;, conta Alma.
Falar do diálogo entre o clássico e o contemporâneo foi um dos desafios para o bailarino e coreógrafo. ;É tudo bem fluido, porque é uma prática, você vai entendendo na desconstrução;, explica. ;Na dança urbana, você desconstrói, na dança contemporânea você aprende a dinâmica, a textura, a relação entre espaço e tempo, e vai entendendo o que seu corpo quer falar. E é nesse lugar que fico transitando.;
Roots nasceu de uma conversa entre Soares e Alexandre, há três anos. ;Falamos em fazer algo juntos, como um reencontro. E ele sugeriu que fizéssemos algo que me tirasse do meu lugar de conforto e me colocasse no lugar mais urbano, mais próximo ao público. Como se fosse um reencontro com meu passado. Esse encontro era o bailarino de hoje encontrar aquele bailarino de hip-hop de ontem, e por isso convidamos o Danilo;, conta.
O processo de criação do espetáculo funcionou também como um desafio. Soares conta que teve a impressão de estar diante de um álbum de fotografias. Lidar como o repertório de movimentos da dança contemporânea exigiu esforço físico e mexeu com o lado emocional do bailarino. ;Voltar àqueles movimentos é realmente desafiador, é brincar de olhar numa máquina do passado. Fisicamente, é um espetáculo muito difícil, então a parte de produzir e montar foi um desafio físico grande;, revela.
Homem X cidade
Em De carne e concreto ; Uma instalação coreográfica, da Anti Status Quo Companhia de Dança, a relação entre o ser humano e o espaço urbano é esmiuçada por oito bailarinos que propõem uma performance tensa. A maneira como o comportamento é moldado pelo sistema econômico, as atitudes tomadas diariamente em função desse sistema, os desejos formatados a partir dele e a ação inconsciente quando se está dentro de uma dinâmica capitalista pautam a performance.
;É um espetáculo muito atual em relação ao que a gente está vivendo, em relação a essas convulsões sociais na América Latina. O espetáculo é muito contundente, fala muito da nossa realidade;, avisa Luciana Lara, diretora da ASQ.
De carne e concreto foi montado pela primeira vez em 2014 e já foi apresentado em seis países. Uma mistura de experiência sociológica com um jogo embalam o público, que entra na performance coroado com sacos de papel, como se fossem máscaras. A mistura entre ficção e realidade envolve público e bailarinos. Luciana Lara explica que também há a intenção de falar do antropoceno, essa era na qual o homem passou a modificar as condições climáticas do planeta influenciando diretamente o ecossistema.
;É um trabalho físico, que tem uma concepção coreográfica para além dos passos de dança e que aborda a fisicalidade na sua visão mais crua mesmo. Tem a carne, que é o homem, e a cidade, que seria o concreto no sentido mais amplo, da materialidade das coisas;, explica a coreógrafa.
Roots
Com Thiago Soares e Danilo D;Alma. Direção: Renato Cruz e Ugo Alexandre. Sábado, às 20h, e domingo, às 119h, no Teatro da Caixa (SBS QUadra 4 Lotes ;). Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia). Recomendado para todos os públicos
De carne e concreto ; Uma instalação coreográfica
Com Anti Status Quo Companhia de Dança. Direção: Luciana Lara. Sábado, às 19h, e domingo, às 14h30, no Espaço Cultural Renato Russo. Ingressos: R$ 40. Não recomendado para menores de 18 anos