Para questionar a linguagem, o preconceito e o que se faz no Brasil e na cidade em termos de teatro musical, nasceu a 1; Mostra de Teatro Independente Musical (MoTIM). As notas musicais extrapolam o formato original da música e ganham corpo de dramaturgia, de dança, de teatro, de musical. Em cena, as linhas delimitantes entre as expressões artísticas são, muitas vezes, difíceis de conceituar.
Durante quatro dias, de hoje até domingo, haverá rodas de debates, entrevistas, oficinas com diretores e produtores nacionais e locais, além de quatro espetáculos gratuitos. Idealizada pela diretora Élia Cavalcante, que há 10 anos trabalha com teatro musical em Brasília ao lado da Actus Produções. O objetivo do evento é questionar como o brasileiro pensa e atua com essa linguagem, para além do universo americanizado da Broadway. ;Somos um povo muito musical. Já fazíamos teatro musical na época do teatro de revista, trabalhando com música e coreografia. Então, a própria ideia já nos pertence. Apesar de ser a primeira edição, a MoTIM tem uma força muito grande, traz uma ideia política, um questionamento e uma união acima de tudo;, destaca Élia.
A diretora explica que o musical ;é um espetáculo no qual o ator fala, mas pode cantar e esse canto é também texto. A música também ambienta a plateia do clímax da narrativa. Por fim, o musical tem uma função de englobar todos os gêneros: a música, o texto e a dança;, descreve. Por isso, a artista precisa trabalhar as múltiplas possibilidades do corpo e da atuação. ;Precisa deixar tudo isso muito orgânico. São competências muito parecidas com a do circo, a potência da dificuldade e da apreciação;, acrescenta.
Além de importante celeiro de artistas para os grandes palcos do país, Brasília tem crescido tanto na produção de espetáculos quanto recebendo peças nacionais e internacionais. Durante a mostra, quatro grupos brasilienses apresentam distintas produções e revelam as múltiplas possibilidades existentes dentro do gênero. ;A abertura hoje é com Os Saltimbancos, do Hugo Rodas, uma dramaturgia que foi pensada em teatro musical. No último dia, por exemplo, temos Lisbela e o prisioneiro, que tem uma trilha sonora legal, uma boa história e a gente resolveu unir esses dois elementos colocando no palco mais músicas brasileiras. Ou seja, é o teatro musical com a potência que ele tem de transformação;, resume a diretora e idealizadora da MoTIM.
1; Mostra de Teatro Independente Musical (MoTIM)
No Complexo Cultural Funarte (Eixo Monumental) e no Espaço Cena (205 Norte). Até domingo, 27 de outubro. Entrada gratuita.