Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Dicas de português

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Recado
;Um livro pode ser nosso sem nos pertencer. Só um livro lido nos pertence realmente.;
Eno Teodoro Wanke



Bolsonaro na terra dos olhinhos puxados
Bolsonaro bateu asas e voou. Ficará 15 dias na Ásia. A viagem é notícia. Jornais, rádios e tevês anunciam o fato. Acontece, então, o que tem de acontecer. Muitos tropeçam na regência do verbo chegar. Esquecem que a gente chega a algum lugar: Bolsonaro chegou ao Japão. A mancha de petróleo chegou à Bahia. O ministro chega hoje a Brasília.



Atenção
Chegada joga no mesmo time. Pede a preposição a: A chegada ao Japão foi tranquila.



Poso e pouso
Uma letra faz a diferença: O avião pousou no aeroporto japonês. Bolsonaro posou para fotos.



Até breve
O presidente vai passar duas semanas na Ásia. Depois, voltará para esta alegre Pindorama. Daí a importância da regência. Em tempos bicudos, o erro na preposição pode ter consequências indesejáveis. Por isso, olho vivo:

ir a = ir por pouco tempo. A volta é rapidinha: Foi ao cinema. Vamos ao clube. Iremos ao shopping amanhã. Vai a São Paulo consultar o médico. Vamos a Nova York passar as férias. Bolsonaro foi à Ásia.

ir para = ir para sempre ou por período longo de tempo: Muitos brasileiros foram para Portugal. Foi para Londres fazer o doutorado. Vá para o inferno. Vou-me embora pra Pasárgada.



Fato ou fake?
Dizem que, no Japão, o único profissional que não precisa se curvar diante do imperador é o professor. A razão: numa terra onde não há professor, não pode haver imperador. Verdade? Não. Naquele país distante e cheio de rituais, todos se curvam diante do imperador. Mas o único diante do qual Sua Majestade faz leve reverência é o mestre.



Palavras
O Brasil abriu as portas para a imigração japonesa. Homens e mulheres atravessaram oceanos e aqui chegaram. Contribuíram com tecnologia, trabalho, gastronomia e... palavras. Nosso léxico se enriqueceu com os vocábulos de olhinhos puxados. Eis alguns: quimomo, judô, caratê, aiquidô, caraoquê, gueixa, saquê, sumô, nissei, sushi, sashimi, shoyu.



Sem nome
Quem nasce em Pequim é pequinês. Em Londres, londrino. Em Brasília, brasiliense. E em Tóquio? Ops! O português não tem um gentílico para a capital japonesa. O jeito é dar um jeito. Dizer: o natural de Tóquio, o morador de Tóquio, originário de Tóquio.



Berço
O maior e mais populoso continente ganha destaque. E, claro, desperta curiosidades. Uma delas: de onde vem o nome daquele mundo distante? Vem da mitologia grega. Oceano, o deus dos rios, originou Oceama, que deu à luz a filha Ásia ; mãe das fontes e rios. Em homenagem a tão importante entidade, a Ásia se chama Ásia.



Os outros
Três outros continentes também devem a denominação ao Olimpo. África é uma deusa com porte oriental. Ela tem uma marca: carrega um chifre numa mão e um escorpião na outra. Oceano inspirou Oceania.

Europa era uma ninfa pra lá de bela. Zeus, o grande sedutor, apaixonou-se tão logo a viu. Pra conquistá-la, transformou-se em touro branco enfeitado com um colar de flores. Assim disfarçado, raptou-a. Resultado: viveram um grande amor.



Bem longe
Distante dos deuses, América deve o nome ao navegador Américo Vespúcio. Antártida também fechou os olhos para a sedução olímpica. Inspirou-se no grego árktos, que significa ursa. Denominava as constelações da Ursa, no hemisfério norte. Como o continente está no hemisfério sul, acrescentou-se o prefixo anti. Antártida é, então, o antiártico.



Leitor pergunta
Meu café da manhã foi dois ovos. Meu café da manhã foram dois ovos. Entendo que a concordância é facultativa. Ou seja: as duas formas estão corretas. Estou certo?

Anderson Santos, Brasília

Nota 10. O verbo ser pode concordar com o sujeito (café da manhã) ou com o predicativo (dois ovos). Outro exemplo pra lá de citado: Nem tudo é flores. Nem tudo são flores.