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O universo das artes visuais pode parecer um mundo mágico, fruto de um processo criativo cheio de mistérios. No entanto, boa parte do mistério da criação está ancorado na prática e na técnica. Nisso apostam alguns que decidiram se debruçar sobre a arte de ensinar e criaram centros e ateliês independentes com cursos que vão da teoria à técnica. As opções são variadas, o conteúdo é rico e a experiência ajuda o público, quando leigo, a se aproximar e compreender mais a produção artística, seja histórica ou contemporânea.
[SAIBAMAIS] No próximo dia 28, Matias Mesquita dá início a um curso sobre pintura a óleo, técnica que conhece com profundidade e usa como base de suas produções. Um dos idealizadores do Elefante Centro Cultural, um misto de galeria, ateliê e residência, Mesquita sentiu a necessidade de dar aulas há algum tempo, ao observar outros cursos ministrados no Elefante e a demanda de artistas e público. ;Nunca tive essa experiência de dar aula, mas algumas pessoas perguntaram se não poderia ensinar minha técnica. Tenho uma técnica que desenvolvi, mas que é conhecida no mundo da pintura a óleo;, conta.
Mesquita montou duas turmas de cinco alunos para desenvolver a experiência. Boa parte dos inscritos é artistas, mas ele explica que não é preciso sequer saber desenhar para aproveitar o conteúdo das aulas. ;Não é necessário saber desenhar porque vou usar referências fotográficas e não vamos atentar tanto para a questão da forma;, garante o artista, que trabalha com técnica mista de veladura e preenchimento de área. Cursos com Adriana Vignolli, Moisés Crivelaro e Alina Duchrow também devem fazer parte do programa do ateliê para os próximos meses.
Nas aulas idealizadas por Alina, o desenho é a estrela. E não é preciso saber rabiscar nem uma florzinha para participar. Especializada em desenho, a artista começou a dar aulas quando morava na Tunísia, há mais de oito anos. Em cursos intensivos ou em oficinas, a ideia é sempre facilitar o acesso dos alunos à prática do desenho. Para isso, Alina estabeleceu cinco etapas, uma metodologia que consiste em identificar a aptidão do aluno, fazê-lo enxergar as linhas e contornos, seguidos dos espaços negativos entre as coisas e do relacionamento entre elas. Por fim, entender luz e sombra e juntar tudo.
Diversidade
Alina desenvolveu as aulas com o intuito de receber todo tipo de público, incluindo pessoas que nunca tiveram contato com o ato de desenhar. ;É uma metodologia na qual trago experiências que eu mesma tive, trabalhando com o lado direito do cérebro, tentando fazer uma transição cognitiva com exercícios, para desbloquear. Vou trazendo os conceitos do desenho e trabalhamos a prática;, avisa. ;Quando desenvolvemos o lado direito, percebemos as coisas de uma maneira visual, e não verbal. O desenho amplia as possibilidades, desenvolve a criatividade. Qualquer pessoa pode aprender;, garante.
A experiência do aprendizado motivou a criação da Nave, em 2015, espaço de cursos e oficinas criado por Yana Tamayo, Dani Estrella e Cecília Bona, que deixou o projeto em 2016. ;A Nave surgiu com o intuito de abrir um espaço de interlocução para artistas para além do espaço da universidade, com a ideia de fazer um acompanhamento crítico, uma troca;, explica Yana, que criou laboratórios de processos criativos para experimentações coletivas. Idealizado para ser um espaço de ações de formação com cursos livres, a Nave cresceu e, além da pesquisa, passou também a oferecer cursos teóricos e a abrigar o público leigo, e não apenas os artistas.
Hoje, Marília Panitz e Carlos Lin são responsáveis por módulos de história da arte com enfoques variados. Walter Benjamin, Freud e Georges Bataille já foram temas. O próximo terá a perspectiva de Jacques Lacan e, na próxima semana, o espaço oferece um curso de colagem com Tainá Xavier. Este ano, a Nave se associou ao estúdio oBarco, especializado em cursos sobre o processo analógico da fotografia.
Fotografia
Criado em 2015 a partir de um coletivo formado por alunos de audiovisual da Universidade de Brasília (UnB), o oBarco se tornou um espaço de cursos e eventos cujo foco é a fotografia analógica. Ádon Bicalho, que hoje toca o projeto, ministra oficinas de imersão no processo analógico. ;Trabalhamos desde questões mais básicas, como dicas para fotografar e revelação de filmes em preto e branco, até o final, que é a digitalização. É um curso de três encontros que trabalha com esses processos híbridos e a possibilidade de desenvolver um trabalho em foto analógica hoje. A foto analógica está passando por um retorno;, avisa. O estúdio também oferece a opção de aluguel de câmeras analógicas para quem quiser fazer as oficinas e não tem o equipamento.
Oficinas de filmagem e revelação de filme em 16mm, de pinhole e técnica de quimigrama, além de workshop de retrato fazem parte dos programas do oBarco. Esta semana, o fotógrafo Diego Bresani ministra uma oficina de retratos. No mês passado, o fotógrafo Dirceu Maués comandou um workshop de pinhole e quimigrama, técnica que utiliza o papel fotossensível como suporte para intervenções feitas em laboratório. Durante a oficina, os próprios alunos constroem as câmeras pinhole a partir de peças cortadas a laser.
Laboratório de Pintura a Óleo com Matias Mesquita
TURMA 1
; De 28 de outubro a 25 de novembro, às segundas-feiras, de 9h às 12h
TURMA 2
; De 30 de outubro a 27 de novembro, quartas-feiras, de 18hs às 21h. No SCLRN 706, Bloco C, Loja 45 (antigo Elefante Centro Cultural)
Inscrições
https://forms.gle/Mg92RBwWoLt3vPio6 e pelo mail espaco.rinoceronte@gmail.com
Valor
; R$ 380,00 (à vista) e R$ 400,00 (parcelado)
Curso de colagem com Tainá Xavier
; De 22 a 31 de outubro, terças e quintas, de 19h às 22h, na Nave (SGAS 904 Conjunto A, Bloco H, Subsolo).
Valor
; R$ 390.
Inscrição
Oficina de Retrato com Diego Bresani
; De 18 a 27 de novembro, segundas e quartas, de 19h às 22h, no oBarco Estúdio (SGAS 904 bloco H, Subsolo ; ASCEB).
Valor
; R$ 490,00 (até 11/11) e R$ 558,90 (após 11/11).
Inscrições
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf20n08ToLZ1nUqVCceYcBWGjhuGDWwYkv2QFKpHYyZYujbQA/viewform