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Indiana Nomma tinha apenas 4 anos de idade quando, ao lado dos pais, em meio a uma multidão incalculável, assistiu a um concerto de Mercedes Sosa na Praça de Revolução Sandinista, na Nicarágua. Ela guarda essa lembrança na memória e costuma compartilhá-la com o público que assiste ao tributo à eterna diva da canção latina, nascida em Tucumán, na Argentina.
La Negra, falecida há 10 anos, volta a ser homenageada pela cantora hondurenha-brasileira ; que iniciou a carreira musical em Brasília ;, em show neste sábado (19/10), às 22h, no Feitiço Mineiro, como parte da celebração das três décadas do bar e restaurante da 306 Norte. Ela tem a companhia no palco do pianista uruguaio José Cabrera e do baterista brasileiro Renato Glória.
Em maio último, ao se apresentar no Teatro Opera, em Buenos Aires, ao lado do cantor portenho Bruno Arias, foi aplaudidíssima pela plateia, ao interpretar canções imortalizadas por Mercedes, como Alfonsina y el mar, Drume negrita, Si se calla el cantor, Solo le pido a Diós e Volver a los 17. Todas estão no repertório do show desta noite no Feitiço.
Entrevista// Indiana Nomma
Como surgiu a ideia de fazer um show para homenagear Mercedes Sosa?
Foi minha mãe, há 19 anos, quem me apresentou Mercedes. Na época decidi homenagear a força da minha mãe e das mulheres latino-americanas, por meio desse tributo. Infelizmente, minha mãe faleceu três dias antes da estreia no Feitiço Mineiro, em 2000.
Qual foi o critério para a definição do repertório?
Muda de país onde me apresento. Canções que os brasileiros conhecem são diferentes das canções dos italianos, alemães e argentinos. Mas em geral escolho pela importância da letra, pela unidade latino-americana e pela sensibilidade do feminino como nas canções de Violeta Parra.
A estreia foi onde, quando e que lembranças guarda daquele dia?
Foi lindo poder apresentar no Feitiço Mineiro, em 2000, e guardo todas as lembranças da energia daquele público que até hoje me segue.
Além de Brasília, o show foi apresentado em que outros lugares?
No Brasil, além de Brasília, apresentei no Rio de Janeiro e em Santos (SP). Fiz também na Argentina, Itália e Alemanha.
Mercedes Sosa chegou a tomar conhecimento da homenagem?
Infelizmente, não. Mas o neto dela, Agustín Matus, soube do meu trabalho há cinco anos e me procurou para fechar parceria com a Fundación Mercedes Sosa na Argentina; e a partir daí nos tornamos amigos.
Em algum momento você esteve próximo dela?
Assisti a grande Mercedes Sosa aos 4 anos de idade na Praça da Revolução Sandinista, na Nicarágua. Foi um momento tão marcante que conto durante o show. Dois anos antes de ela falecer, a assisti num grandioso show no Centro de Convenções em Brasília. Foi emocionante.
Que importância atribui a Mercedes no cenário da música latina?
Mercedes Sosa é vista como A Baquiana do Mundo, porque se apresentou em mais de 60 países levando a voz da América Latina consigo. Ela ainda é considerada o maior nome da América Latina, pois realmente alcançou o mundo com esse valor. Por isso faço o tributo e farei enquanto eu puder, para que ela nunca seja esquecida.
Além da grande intérprete, que outras virtudes atribui a ela?
Todos dizem que ela era como uma mãe. Li uma autobiografia ditada por ela para seu melhor amigo Rodolfo Braceli, no livro La Negra, onde ela se mostra muito sensível e emotiva. Sua força vinha pela voz direto do coração.
Como tem sido a acolhida do público a esse show?
Por onde andei, mesmo quem nunca havia ouvido falar de mim, chora o show inteiro e agradece pela homenagem. Na Argentina fui muito abraçada aos soluços. E ser recebida pelo país natal dela com tamanha receptividade, como foi neste ano em maio, foi incrível. No começo duvidavam pela questão de eu ser hondurenha-brasileira e me ;atrever; a cantar seu maior ícone. Mas ao me ouvirem cantar, todos se emocionaram. Conclusão: acabei gravando meu quarto disco, este em parceria com o renomado folclorista Bruno Arias. O CD está em fase de finalização e será lançado em 2020 na Argentina.
Tributo a Mercedes Sosa
Show de Indiana Nomma, acompanhada por José Cabrera (piano) e Renato Glória (bateria), sábado (19/10) e domingo (20/10), às 22h, no Feitiço Mineiro (306 Norte). Couvert artístico R$ 20 (área ínterna) e R$ 20 (área externa). Não recomendado para menores de 18 anos. Informações: 3272-3032.